Barulhos do Couto
Escrevi este texto ao ler a coluna do Brandão “cálice sagrado em mãos pagãs”, no qual ele questiona com maestria a colocação de não torcedores nos cargos altos do Coritiba SAF.
Como resposta (ou pós-reflexão), ainda acredito que estamos no caminho certo e não estou sendo otimista. Talvez paciente, mas com pés no chão e olhos no horizonte. O Coritiba de ontem estava pronto para acabar, enquanto o Coritiba de hoje me faz sonhar em algo melhor (sonhos tangíveis, não impossíveis).
Hoje em dia ninguém torce para o clube (jogadores, técnicos, membros da comissão técnica, marketeiros, publicitários, assessoria de imprensa, contadores etc.). São raros os casos, então não vejo problema em termos um CEO de fora. Só quero um CEO sério, íntegro e competente no que faz (assim como todos os outros funcionários).
Hoje falamos bem do Chavare, certo? Ele não era torcedor. Hoje falamos bem do Follador, mas ele poderia ter sido mais um "dos mesmos que geriram muito mal o Coritiba". Os que partiram muito cedo não tiveram tempo de trabalhar no buraco negro chamado Coritiba.
Em contrapartida os torcedores falam mal de antigos atletas, presidentes, dirigentes, técnicos que são torcedores declarados do Coritiba. No fundo apenas queremos competência, ética e resultados. Simples assim. Diria que muitas reclamações são mais “cornetadas” do que críticas assertivas, mas deixo isso para cada um raciocinar individualmente.
Enfim, volto ao ínicio do argumento: ainda acredito que estamos no caminho certo. Estamos na série B e em um período de transição administrativa, ou seja, deixando de ser uma empresa gerenciada pela família e se transformando em uma corporação. Este tipo de mudança é realmente complexa, tediosa, laboriosa e infelizmente leva tempo. Tempo este que nós torcedores não temos por estarmos sem paciência há décadas, afinal, para alguém que tinha 6 anos quando o Coxa ganhou o Brasileiro (sem ser uma máquina em campo), meu momento mágico foi um Paranaense em 1999. Pouco, não?
O fato de estarmos saindo de um sistema familiar (torcedor) para uma corporação (empresarial) durante momentos tenebrosos pode funcionar como escudo contra decisões tomadas por emoção. Antes de elencos de alto nível temos que construir um CT de ponta; antes de pensar em título temos que reformar nosso estádio; antes de sonhar em ser campeão de libertadores (sonho este que ao meu ver está dentro do quase impossível) temos que organizar nossa categoria de base; antes de pensar em ser campeão mundial (este sim, praticamente impossível) temos que aumentar nossa base torcedora para 3 a 5 milhões (um salto de 300 a 500%). Esta reformulação é prioridade!
Não esqueçam: TODOS os clubes de médio porte do Brasil serão SAF; todos tentarão alcançar os grandes (Flamengo e Corinthians no topo pela verba que recebem anualmente); todos dirão que estarão no top 10 daqui uns anos; todos irão se manter na série A, porém todos irão cair pra série B em algum momento; todos terão CT de primeiro mundo, estádio moderno e base sólida; então antes de tudo, temos muito a construir e reconstruir, principalmente o que foi destruído no passado por coxas-brancas com boas intenções.
Como torcedor fico triste em não ver meu time vencendo bons campeonatos nos próximos 5 a 10 anos, mas peraí, quando eu vi isso mesmo?
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