Barulhos do Couto
Trago no título desta postagem o conceito do filósofo Bauman no seu livro “Modernidade Líquida”, acerca do atual momento no qual relações sociais, econômicas e de produção são fugazes e frágeis, diferentemente de relações sólidas e mais duradouras de antigamente. E você deve estar se perguntando: por que esse cara está entrando nesta questão? Te respondo: porque a meu ver há um paralelo semelhante entre torcedor e clube, uma relação muitas vezes construída desde a infância a partir de sentimentos que não são fáceis de compreender. E pior, nós torcedores não temos nenhum controle do que é realizado internamente e estamos sempre procurando uma correspondência direta que, de fato, não existe.
E este cruzamento entre filosofia e futebol me ocorreu ao ler muitos comentários nas redes sociais de que a nova geração está cabisbaixa e magoada com a história recente do nosso time, pensando inclusive em desistir de torcer, e isto para mim não é nada compreensível. Todos nós estamos frustrados e sedentos por uma melhora, porém, minha experiência principal com o Coritiba ocorreu durante os desastrosos anos 90, contudo minha resiliência jamais foi líquida. E lembro bem, todos à minha volta jamais pensaram em desistir ou abandonar o Coritiba em função da má fase, bem ao contrário, suportamos com afinco aquelas péssimas temporadas. Acredito inclusive que um dos momentos mais extraordinários que pude viver foi lá no Pinheirão quando vencemos o paranaense de 1999, depois de 10 anos na fila. O único momento que me colocou em dúvida em continuar assistindo jogos de futebol foi na derrota para o Palmeiras na final da Copa do Brasil. Naquele episódio foi clara a atuação da arbitragem favorecendo os paulistanos, fato que certamente desanimaria qualquer coxa-branca tendo em vista repetidas “canetadas” contra o nosso clube.
Enfim, voltando ao ponto principal, quero deixar claro que a resiliência não pode ser líquida, tanto para o torcedor como para o clube (principalmente no departamento esportivo). Devemos ensinar aos mais novos que o sentimento pelo Coritiba é único, não é moda, e que sim, há esperança de que dias melhores virão. Isso tem que ser demonstrado de dentro para fora (ou seja, do campo para a torcida). E em momentos de crise aparecem as oportunidades, como a de logo mais em Recife. Teremos mais uma chance de virar esta chave em uma mudança de postura do nosso Coritiba para que a tranquilidade possa retornar, só peço encarecidamente ao nosso novo treinador: feijão com arroz, por favor!!!
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