Bastidores COXAnautas
Estamos vivendo um momento único no Coritiba.
Enquanto dentro de campo o time não consegue satisfazer os anseios da torcida - e cumprir as promessas de mudança de patamar feitas pela Treecorp - o que já é algo recorrente de diversas gestões que passaram pelo clube, há uma grande diferença acontecendo fora de campo.
Com isso eu não estou falando de um trabalho que o torcedor não vê, que os gestores atuais estão dizendo que está indo bem, pois eu sou apenas um torcedor e também não sei dos intramuros do Coxa.
Mas quero focar na situação fora de campo. O relacionamento clube - enquanto instituição - e torcedor.
A instituição está dividida, pois a gestão do seu principal - e único - produto acontece agora de forma extra institucional, fora dos domínios do clube, da associação.
Ao Coritiba Foot Ball Club restou a cadeira no cantinho da sala, esperando o momento de levantar a mão pra falar alguma coisa e correndo o risco de ser ignorado.
Com o errôneo atraso das eleições, o clube está sem uma representatividade oficial pra levantar essa mão. Hoje, o Dr. Vilson Ribeiro foi colocado como o representante que pode ver mais de perto o que está acontecendo, com limitações, e tentar levar um pouco de sua experiência no futebol para os 90% dos acionistas que estão ainda descobrindo que uma bola é redonda e se for muito leve pode ser rolada a esmo pelo vento.
Do outro lado dessa relação está o torcedor. Insatisfeito, frustrado com as promessas não cumpridas, destratado na sua casa onde sempre foi livre para se manifestar e revoltado com a censura e a falta de identificação dos gestores atuais com as tradições e valores Coxas-Brancas.
O torcedor é a razão de ser do clube. E a instituição não tem mais o controle sobre o que pode entregar para seu maior patrimônio, pois o principal produto agora é gerido por terceiros.
O que fazer?
Torcedor se organizando pra se manifestar mais ainda, tentando, dentro de sua visão e entendimento, falar, ser ouvido e compreendido. Muitos ainda com uma visão política e com pensamentos dos gestores que por aqui passaram, outros entendendo que os tempos agora são diferentes e as cobranças também precisam ser diferentes. Mas quase todos tentando se unir em meio às suas diferenças pra fazer algo que possa dar um resultado positivo pro Coritiba.
As manifestações pacificas são válidas. Nada com violência ou que ofenda a honra das pessoas, mas o torcedor tem que ter o direito de se manifestar.
Já testemunhei Fora presidentes, eleição de chapa única, renúncia de presidente, invasão de campo com rebaixamento, já vi a torcida ameaçar dirigentes em suas casas, vi o Coritiba começar a se reerguer, vi jogadores irem contra dirigente, Coritiba caindo novamente, vi gestões desastrosas, vi torcedores desistindo, novos torcedores crescendo, presidente vindo com apoio de torcida organizada, discursos bonitos e decadência em campo... mais manifestações do torcedor e trocas de gestão e agora vi o Coritiba "resolvendo" a questão financeira de décadas, com investimentos externos, mas eu nunca vi um desânimo tão grande e uma falta de identidade como estou vendo agora.
Se a Treecorp não acordar, ouvir, e perceber que ela depende do torcedor pra fazer um projeto de sucesso em um clube grande de futebol, poderemos ter um futuro complicado pela frente. Se não focarem no futebol para que venham resultados dentro de campo, poderemos ter um distanciamento ainda maior do "consumidor" e a marca, gerando prejuízos para todos.
A falha da transição pode ser resolvida se, primeiro, o futebol for corrigido - e no momento todas as fichas estão no Autuori - e em paralelo a relação com o torcedor for reconstruída, com respeito, ações, e pessoas que tenham competência e identificação com a marca centenária do Coritiba Foot Ball Club.
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