Bastidores COXAnautas
Como é difícil pra nós quando percebemos que precisaremos aguardar um tempo para satisfazer alguma necessidade, anseio, desejo ou até mesmo viver algum sonho.
Cada vez mais, com a comunicação acelerada, quase instantânea, e com a avalanche de informações que recebemos todos os dias, nós criamos hábitos e desenvolvemos a necessidade de resolver tudo “pra ontem”.
Se o vídeo que abrimos ou rolamos pra cima não gera a dopamina em nós nos primeiros 3 segundos, nós já pulamos. Se a nossa fome não é saciada em meia hora, nós ficamos nervosos. Se queremos falar algo agora mas não podemos porque precisamos esperar dias por algum procedimento natural que a vida nos oferece, ficamos ansiosos.
O Coritiba vem de muitos anos de sofrimento. Pelo menos 10 anos sem quase nenhuma alegria e vitórias. O torcedor Coxa, cansado disso, passou a se apegar em todos os fios de esperança. A cada mudança, um novo otimismo vinha. Mas junto com o otimismo vinha o imediatismo. A necessidade de que a água se tornasse vinho instantaneamente.
Ontem no Couto Pereira ficou, como disse um amigo, anestesiado. Sem reação diante da derrota bizarra que acabou, mais uma vez, com uma nova esperança que surgia. A bíblia diz em Provérbios 13:12 que “a esperança adiada faz adoecer o coração”. E é isso que está acontecendo com o torcedor Coxa-branca. Estamos botando esperança demasiada em algumas coisas que são frustradas e estamos deixando o nosso coração adoecer.
Sempre repito essa frase que meus amigos falam, frase do italiano Arrigo Sacchi: “O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”. E ultimamente tenho tentado botar isso em prática e incentivo você também a colocar. Conversei com um amigo uma hora atrás sobre como o Coritiba e o futebol muitas vezes atrapalha a vida pessoal e profissional das pessoas. Você vai ao jogo, volta de madrugada, dorme tarde, para acordar cedo no outro dia com “toda a disposição” de seguir a sua vida de cabeça inchada.
Não tenho dúvidas que a mudança que aconteceu no Coritiba, com a profissionalização do futebol e a venda da SAF, para que a gestão e operação do futebol seja, de fato, profissional, e não tocada com apenas vontade e paixão, às vezes sem conhecimento, às vezes sem comprometimento e com muitas brigas políticas, é uma mudança extremamente acertada e necessária no futebol moderno que infelizmente vivemos hoje.
Mas eu também queria resultados imediatos. E eles não vieram. Parece que não mudou nada, ou como diria o meme: “Tava ruim, tava bom, mas parece que piorou”!
E eu não quero caçar culpados, como o treinador que perdeu a mão na escalação, ou o goleiro que não conseguiu usar as suas mãos nem os pés direito ontem, ou um jogador que entrou com a responsabilidade de resolver mas não conseguiu terminar nem o primeiro tempo em campo, mas acho que tudo é um resultado de um plantio longo, em uma terra dura, sem regar muito, apenas com um clima bom de sol vindo das arquibancadas.
Todos tem sua culpa, claro. Mas o desafio maior nessas reestruturações é o chamado TEMPO. O tempo que existe entre colheitas, novos plantios e colheitas de novo. Muita coisa foi plantada bem recentemente e não podemos deixar as ervas daninhas crescerem junto. Espero que exista o processo de poda acontecendo e logo o Coritiba possa voltar a crescer.
Da parte de torcedor, eu vou esperar esse tempo. Não deixarei o Coritiba acabar com a minha semana, não deixarei as coisas mais importantes de lado por causa dele. Continuarei torcendo, indo ao estádio, comprando produtos, pagando minha anuidade de sócio antecipada sempre que puder, mas com a cabeça no lugar certo.
A nossa cabeça deve estar nas pessoas que nos amam e que nós amamos. Minha esposa linda que é a pessoa que mais amo no mundo, meus amigos próximos que me conhecem e me apoiam quando o mundo parece desabar em volta, e pessoas especiais que a vida (e o próprio Coritiba) nos traz pra perto e aprendemos a respeitar, admirar e praticar o verdadeiro amor.
O tempo — e principalmente a espera —, é difícil. Mas ele faz com que as feridas cicatrizem, ele faz com que a vida se regenere, ele faz com que as sementes brotem e frutifiquem. É um processo lindo, divino, que não temos absolutamente nenhum controle sobre.
O tempo revela as verdades, o tempo revela as mentiras, e também nos ajuda a refletir e sempre buscar melhorar e errar menos nessa vida.
É um desafio. Fácil de falar aqui… difícil de fazer.
E aí, você topa esperar (de forma ativa) comigo?
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