Bastidores COXAnautas
Nessa nossa vida única e breve, andamos muitas vezes tateando, cegos, em busca de felicidade e de prazer.
Ontem completaram 6 meses do falecimento repentino do meu pai. Ele, junto com meu avô, que me fez Coxa-Branca. Ele que me ensinou a ter prazer em torcer pro Coritiba.
Já houve épocas em que o Coritiba era tudo pra mim.
Eu pagava sócio mensalmente, durante anos, sem sequer usar a minha carteirinha, pois tinha acesso com meu pai, proprietário de cadeira. Era só pra "ajudar".
Torcia, xingava, passava a semana falando dele, eu até brincava que o Coritiba era minha religião. Quando ganhava, minha semana era colorida, verde e branca. Quando perdia eu queria enfiar minha cabeça no chão e esperar o tempo passar.
Quando conheci minha atual esposa, as atenções já começaram a ser divididas, pois a paixão por ela era muito grande. Depois, então, quando conheci o criador de todas as coisas, Deus desse universo, e experimentei o amor verdadeiro que a gente não vê, as demais coisas perderam mais ainda a importância. E, com o passar dos anos, entre elas, o Coritiba.
Cheguei a "sumir" por um tempo até de comentar, de participar do site, deixei de ir em jogos... pois eu percebia como, às vezes, as coisas não faziam sentido da forma que eu, na minha ignorância, imaginava.
Mas tudo é passageiro e a vida é composta de fases. No nosso Coritiba, foi uma sequência de gestões, mandos e desmandos, mais erros que acertos, que foram afundando nosso clube. Mas cada gestão passou, foi embora, deixando suas cicatrizes.
Nesse ano, com a turma que está lá, parece que essa falta de conhecimento, especificamente no futebol, somada a uma dose de soberba e isolamento de quem poderia ajudar, o torcedor, está trazendo uma sensação coletiva na torcida de desesperança. Mais próximos da série C do que da A, parece que a frase que se diz no Cori é "o último que sair, apague as luzes". A torcida não está aguentando mais. Não tem nem força, parece, pra tentar mudar alguma coisa.
Confesso que, de um ano pra cá, o que tem me segurado a continuar torcendo e acompanhando são meus amigos Ricardo Honório e Sérgio Brandão. Com a ida do meu pai em fevereiro, com quem eu acompanhava semanalmente os resultados, esses dois caras são exemplos pra mim de dedicação e amor ao clube.
Cada um também com seus problemas pessoais, mas com uma amizade que supera essa fase terrível do Coritiba e nossos problemas. Um escrevendo um livro, outro mantendo a dedicação para que milhares de torcedores continuem bem informados pelo site.
Vamos em frente. Cada coisa com sua medida. Pois o Coritiba é maior do que cada um de nós e daqueles que hoje parecem afundar nosso clube. Mas as amizades que conquistamos são ainda maiores. E a eternidade que o Filho de Deus nos oferece de graça, se comparada com esse tempo efêmero de sofrimento que temos aqui, e infinitamente maior.
Que Deus nos abençoe. Que nosso Coritiba possa sair desse buraco, que possamos ver estádio cheio novamente, torcer e comemorar grandes vitórias. Esse é meu desejo. Mas se a teimosia prevalecer e os erros continuarem, que a gente saiba que há coisas muito maiores que precisamos abrir os olhos e nos atentar, pois em pouco mais de dois anos, estarão todos fora.
O Coritiba continuará existindo enquanto o mundo for mundo. Acredito nisso.
E mesmo depois, um dia, todo esse sofrimento se acabará e não precisaremos mais buscar prazer nas coisas passageiras. Essa verdade ninguém poderá mudar, jamais.
Enquanto isso, busquemos ser humildes, e amar as pessoas. E continuar torcendo pelo bem, mantendo o otimismo, com a ajuda daquele que é pra sempre Pai.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)