Bola de Couro
Amigos, como quase todos dei um prazo de carência para esperar a evolução do Coritiba no fraquíssimo campeonato estadual. Afinal, diziam que o time ainda não estava fisicamente no ponto, que logo adiante haveria entrosamento e que o técnico estava em fase de experiências sobre como formar a equipe e como ela deveria jogar taticamente. Além disso, alguns jogadores necessitavam se revezar, pois são mais “maduros” e não poderiam enfrentar uma maratona de dois jogos por semana.
Pois bem, mas até quando esperaremos? Já havia ficado preocupado com a equipe quando da segunda etapa do jogo contra o Nacional. Assim também ficara vendo o nível dos times do nosso Estado quando do insonso jogo contra o Paraná Clube. E agora, a apresentação do Coritiba contra o Arapongas foi deprimente, desanimadora. Vamos continuar a esperar? O campeonato paranaense é apenas laboratório ou queremos o título? Com os nomes que temos é possível aceitar que o Coritiba esteja se nivelando aos demais times do Estado? Ou estaria certo o arquirrival que foi fazer suas experiências longe de casa deixando aqui um time de segunda linha?
Um time que apresenta o que o Coritiba apresentou sábado é suficiente, no máximo – e os números do momento estão mostrando que nem para isso – para tentar o campeonato estadual. Sem boas atuações individuais, sem conjunto, sem jogadas preparadas de antemão que não os cruzamentos do Alex para a área, só podemos ficar com um pé atrás e com esperança em aberto.
Sei que posso estar sendo precipitado e quem sabe logo adiante seja desmentido pelos fatos. Que bom que venha a ser assim, se possível quero só escrever colunas elogiando o time durante todo o ano.
Mas que estou preocupado, eu estou. Claro, temos perspectivas de passar a contar com uma nova e promissora dupla de zaga, Emerson e Leandro Almeida, que o Alex e o Deivid entrem logo em forma e que o Rafinha, o Sérgio Manoel, o Victor Ferraz e o Denis se recuperem – estes dois pelo menos enquanto não tivermos alguém melhor - o que certamente melhorará o time. Mas não custa lembrar que nem sempre poderemos contar com todos ao mesmo tempo e que individualidades só prevalecem quando todos são craques e independem do técnico (Alguém acredita que o Flamengo foi campeão do mundo, mesmo com o técnico sendo o Carpeggiani? Claro que não, o foi porque era composto só por excelentes jogadores). Nosso técnico também tem que mostrar se tem qualidade e competência, definindo de uma vez como a equipe deve jogar quanto ao sentido tático. Ainda confio que o Marquinhos poderá ser um daqueles técnicos que, de iniciantes desconhecidos, passaram ao rol dos grandes nomes, como foi o caso do Mano Menezes e do Tite. Mas só depende dele e ainda não mostrou ao que veio.
E o resto da equipe? Os retornos do Ermérson Costa e do Eltinho nada somarão, esta opinião é quase uma unanimidade. Botinelli levará três meses só para ficar curado, ou seja, jogador para o segundo semestre. Rafael Lucas, Primão e Bonfim ainda são incógnitas, enquanto Rafael Silva já é uma certeza – não serve.
E sobre os considerados titulares que vêm jogando, ou aqueles que o serão em definitivo depois do período que está sendo tido como de adaptação, tenho algumas convicções. A primeira é a de que Vanderlei é um bom goleiro, mas não é ótimo ou excelente, e não tem liderança, não é o grande goleiro pelo qual começa todo o grande time. Willian é um bravo, torcedor do Coritiba, mas está muitos metros atrás do que foi o Leandro Donizete em 2011. Sabe desarmar, mas passar a bola não é seu negócio, embora neste quesito seja melhor do que o Júnior Urso. E no meio de campo de armação, na verdade só contamos com o Alex, e ainda assim em perspectiva de crescimento, pois também está jogando pouco. Lincoln só joga quando quer, parece que não gosta mais da profissão, está aos poucos se aposentando. Robinho sem dúvida não é jogador para um time que pretende conquistas nacionais, o seu nível é outro. Na parte da marcação na meia cancha talvez a coisa melhore com o retorno do Sérgio Manoel, que quando se lesionou vinha jogando muito bem. Mas quem poderá ser o companheiro do Alex na armação quando este voltar a jogar o que sabe? Ele não veio como milagreiro e nem o “salvador da pátria” (com o perdão por usar este lugar-comum já desgastado), precisa de acompanhantes que saibam jogar afinados e sob a sua influência técnica.
A propósito, parece-me, salvo melhor observação dos amigos, que o Alex não está muito à vontade. Quando se dirige à bola para cobrar uma falta ou escanteio, ou quando a perde e volta sem ela, o faz olhando para o chão, com expressão que me parece de desânimo, detalhe que pode parecer insignificante, mas que para mim indica alguma falta de motivação. Ou ele já era assim quando jogava aqui e quando jogou no Palmeiras e no Cruzeiro e eu não recordo? Não estou, longe disso, querendo colocar o Alex no mesmo balaio do restante da maioria da equipe. Ele é e pode ser diferenciado, mas penso que deve assumir a sua condição de craque e mostrar mais empolgação. Ou quem sabe as atuações em palcos menores e menos qualificados do que aqueles a que estava acostumado o estejam inibindo?
Por fim, outra preocupação. Se o Alex e o Deivid, dente outros, estão sendo poupados, pois jogar duas vezes por semana seria demais para eles, como será a partir do começo da Copa do Brasil e do campeonato nacional? Não repetiremos escalações, mesmo que estejam elas tendo sucesso? Pouparemos alguns jogadores quando se sabe que todos os jogos de tais campeonatos são decisivos e as derrotas são irrecuperáveis?
Ainda espero um 2013 promissor e que nosso Coritiba chegue de uma vez ao patamar que tanto almejamos, deixando de ser um time médio e periférico para se afirmar no cenário nacional. Mas com o que tenho visto a esperança não parece ser muito forte. Tomara que logo ali os fatos me desmintam, para, como já disse, eu possa escrever quase todas as colunas elogiando o nosso time.
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