Bola de Couro
A Copa Kia.
Chegamos à final da Copa do Brasil, competição patrocinada pela Kia Motors, levando o certame o nome de “Copa Kia do Brasil 2012” (http://www.copakiadobrasil.com.br/). E, muito mais por coincidência do que por outra causa, suponho, quem chega à final contra o Coritiba é nada menos que o único clube patrocinado pela mesma empresa financiadora do campeonato.
É evidente para qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, não é necessário doutorado em ética e nem conhecimentos filosóficos sobre o tema, que a empresa que decidiu patrocinar o campeonato jamais poderia ser também a patrocinadora de qualquer um dos clubes envolvidos.
A Toyota já patrocinou a Copa Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes, e hoje o grupo Santander patrocina aquela, mas nenhuma das duas multinacionais, salvo engano que os amigos leitores podem corrigir se for o caso, patrocinam ou patrocinaram algum dos clubes disputantes. Se o fizeram, apresso-me em dizer caso tenha me enganado, cometeram o mesmo erro aqui apontado.
Trata-se de algo elementar. Quem comanda a disputa não pode ser parte nela, não pode ter interesse (ainda que indireto, aparente ou oficialmente negado) no seu resultado. Assim é em todos os ramos da atividade humana. O juiz e o promotor de justiça não podem atuar em causas nas quais tenham interesse pessoas a eles ligadas. O fiscal de tributos não pode exercer fiscalização em empresas de amigos ou de familiares. O dirigente de órgão público não pode – não deveria, dirão, pois alguns o fazem – ter familiares sob seu comando. O presidente de um clube de futebol não deve contratar para jogar no seu time um familiar seu (eu sei, isso já aconteceu no Coritiba).
Enfim, se a Kia Motors entendeu de patrocinar a Copa do Brasil, não deveria fazer o mesmo em relação a um dos participantes. Se já patrocinava este, não deveria assumir o campeonato. Se assumiu este antes, menos ainda poderia patrocinar aquele.
Logo adiante vou negar a teoria da conspiração que alguns querem ver no jogo contra o Santos. Não se apressem em me chamar de incoerente. Aqui, não vejo qualquer sinal de conspiração ou de favorecimento, pelo menos ainda, aguardemos. Mas como diziam os romanos, lição que a Kia Motors talvez não conheça, “À mulher de César não basta ser honesta. Deve ser e parecer honesta”.
Torcida no RGS.
Estou impressionado com as manifestações dos gaúchos mostrando que torcerão pelo Coritiba nas finais da Copa do Brasil. Aonde eu vou e sou conhecido como Coxa-Branca só ouço palavras de apoio. É assim no comércio que frequento habitualmente, é na minha entidade de classe, no Foro e Tribunal, entre os meus amigos, enfim, todos manifestando simpatia por nós. Além do conceito que o Coritiba firmou nos últimos dois anos – e os amigos leitores que residem fora do Paraná como eu devem ter percebido isso em todo o Brasil – a torcida sul rio-grandense enumera vários argumentos para estar conosco.
Para os mais velhos, o Coritiba voltou a ser um grande clube do futebol brasileiro como foi nas décadas de 1970/1980 e merece mais um título nacional. Para outros, é o Coritiba o melhor time e só não será campeão se sofrer o que se chama de “apagão”. Outros não veem a coisa por um primas tão esportista assim, mas como historicamente os gaúchos não gostam de paulistas (lembrem-se da tomada do poder por Getúlio em 1930) não querem ver o Palmeira campeão. Gremistas aduzem a tais argumentos a mágoa por haverem sido eliminados pelos verdes paulistas. Colorados dizem que nunca gostaram do Felipão, imagino que porque sofreram muito com ele quando treinou o Grêmio nos anos 1990.
E muitos, desculpem a falta de modéstia, torcerão pelo Coritiba por consideração a este humilde colunista, aqui conhecido e reconhecido no RGS como Coxa-Branca há mais de trinta anos.
Noticiário.
Como sabem, costumo ler os jornais paranaenses através da Internet, assim como alguns blogs sobre futebol sediados em outros Estados.
Um dia desses me dei conta de que as notícias positivas, em relação ao futebol paranaense, são quase que somente as geradas pelo Coritiba.
Por que será? Não sei como responder, pois não costumo olhar para trás.
Arbitragem.
Finalizando a coluna de hoje, registro que ninguém tem dúvida de que o auxiliar da arbitragem no nosso jogo contra o Santos errou, e feio, ao dar o Pereira como impedido no gol que marcou e que nos daria a vitória. Isso é indiscutível.
Mas daí a ver no fato um complô, perdoem-me os que pensam assim, é exagero. A arbitragem daquele jogo foi ruim por si só. Árbitro principal e auxiliares fracos. Aquele, com erros primários na marcação ou não marcação de faltas, e o auxiliar já referido em ver o que não existiu. Mas foi só isso, até porque, houvesse uma conspiração contra o Coritiba, não teria sido marcado o pênalti sofrido pelo Rafinha. Erros assim acontecem. Se ficarem dentro de uma normalidade estatística, tudo bem, vamos tratar de jogar bem e ganhar mesmo contra falhas de arbitragem. Claro que, se os fatos se repetirem, em especial quando dos jogos contra os times globalizados, há que reclamar, e para tanto temos uma diretoria sensata e equilibrada, que mantém a elegância no trato com os demais envolvidos no campeonato, mas que, como já mostrou em relação à defesa do uso do nosso estádio, quando precisa sabe brigar e bem.
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