Bola de Couro
Terminada a partida contra o São Paulo recebi uma mensagem via celular de um amigo que, ao mesmo tempo em que estava insatisfeito com o time, me disse que “pelo menos não demos vexame”.
Em seguida, como sempre faço, tratei de ouvir coberturas radiofônicas sobre o jogo.
Ouvi então o ponderado Ney Franco admitir falhas e má apresentação, mas dizer também, tal como acontecia quando o nosso técnico era o pretensioso “estudioso”, que “o time evoluiu” (!?), que “aos poucos vamos ganhar alternativas” e que perder para o São Paulo no Morumbi é um resultado “normal”.
Mas a que evolução ele se referia? Não sofrer uma goleada? Manter suficiente, mas improdutiva posse de bola? Talvez porque fizemos um gol depois de dois jogos sem marcar? Ou não dar vexame como disse o meu conformado amigo?
Sem dúvida tivemos razoável posse de bola, ainda que improdutiva. Mas qualquer um que assistiu ao jogo mesmo com a maior boa vontade jamais poderá aceitar a afirmação de que jogamos bem, que a equipe evoluiu, ou, como está no título da matéria do Coxanautas, que jogamos “de igual para igual”.
E a que alternativas se refere o Ney Franco? A meia dúzia que ocupa o departamento médico, alguns há tanto tempo que quase nos esquecemos deles? Kléber, que ao que parece foi contratado lesionado? Talvez. Keirrisson que, pedindo perdão por ser incisivo, é definitivamente um ex-jogador cujo contrato parece uma indenização? Jamais. Carlinhos que talvez seja um pouco melhor do que o Henrique? Pode ser. O sonolento Hélder? Impossível. Ruy, quem sabe se pensar que ainda está no Operário? Luccas Claro ser ágil? Conta outra, como diz a piazada.
Mas com razão o Ney Franco ao dizer que aos jogadores é que incumbirá tirar o Coritiba desta situação. Ao técnico cabe conseguir a formação ideal para o time e tirar de cada atleta o que cada um possa dar, o que não parece ser muito. Vai ter que tirar leite de pedra. A tarefa é muito difícil, mas não impossível. O que nos resta desejar a esta altura é que o time consiga beliscar alguns pontos aqui e ali, o suficiente para evitar o rebaixamento. E infelizmente mais um ano com objetivos miúdos e com vista a mero prêmio de consolação.
Se não houver essa mínima reação, vamos continuar a dizer a cada partida que “evoluímos” ou, como o meu prezado amigo, nos satisfazer em pelo menos não passar vergonha, não dar vexame. Cairemos para a segunda divisão, mas alto lá, cairemos de cabeça erguida...
Em tempo.
Fui cobrado por atualmente quase não escrever colunas positivas em relação ao Coritiba. Mas como atender, se o time e o clube estão sendo o que são?
Vou ficar muito feliz se dentro de algum tempo quem me cobrou possa dizer: - Viu, Rauen, você estava errado, o time cresceu, não é tão ruim, estamos fora do risco de rebaixamento. Tomara que assim ocorra. Gostaria muito de antes do final do ano “morder a língua”.
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