Bola de Couro
Quem tem menos de quarenta anos de idade talvez não tenha visto jogar Dario, o “peito de aço”, mas muito provavelmente ouviu falar sobre ele. É o quinto maior artilheiro do futebol brasileiro e em quase todas as equipes por onde passou foi campeão e autor de gols decisivos, a exemplo do Atlético MG, campeão de 1971, e Internacional, campeão de 1976. Jogou no Coritiba em 1982 onde, embora não conquistasse o título estadual, foi o artilheiro da equipe, com dezessete gols.
Mas o Dario, conhecido pelo apelido que se autoconcedeu de “Dadá Maravilha”, se notabilizou também por ser um grande fazedor de frases “filosóficas”, tais como “Com Dadá em campo, não há placar em branco”, “Não venham com a problemática, que eu tenho a solucionática”, ou “Nunca aprendi a jogar futebol, pois perdi muito tempo fazendo gols”. Mas talvez a frase mais significativa que ele construiu tenha sido: “Não existe gol feio, feio é não fazer gols”.
Pois eu me lembrei dessa frase ao final da nossa sofrida vitória contra a Chapecoense e refletindo sobre os nossos quatro últimos resultados.
Vencemos ao Palmeiras e ao Vasco jogando apenas o suficiente, quando não de modo sofrível. Contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, fizemos uma boa apresentação, em especial até a saída do Juan e a sua substituição equivocada pelo Michel, mas perdemos, de nada adiantando o bom futebol mostrado até certa altura do jogo. E hoje, contra a Chapecoense, em que pese a equipe catarinense só tenha nos ameaçado concretamente em um lance muito bem enfrentado pelo Wilson, nós não fizemos nenhuma apresentação invejável, especialmente na segunda etapa quando nos limitamos a procurar não deixar o adversário jogar.
Em suma, nos quatro últimos confrontos quando jogamos bem, perdemos; quando jogamos mal ou apenas razoavelmente, ganhamos.
Pois se é para ser assim, que assim seja.
Seria muito bom ver o time ganhar jogando bem como faziam as excelentes equipes dos anos 1970, ou a de 1989, ou a de 1998, ou ainda a de 2011. Mas como futebol, para usar um lugar-comum muito batido, é resultado, e como a equipe atual do Coritiba não tem um elenco como aqueles que ganhavam e davam “show”, vamos aceitar que nossa campanha a partir de agora seja caracterizada pelo que ocorreu nos últimos resultados. Já que não é possível dar espetáculo, vamos “só” vencer. Era assim, em que pese a história tenha gerado outra conotação, a equipe campeã brasileira de 1985. Nela não havia nenhum excepcional jogador e nem o time dava espetáculos para a torcida. Mas era um time que sabia ganhar quando preciso. E é o que basta e principalmente o que fica ao final de cada campeonato e na história, ou seja, o registro dos bons resultados e não das boas apresentações.
Com a atual equipe penso que não dá para ser exigente ao ponto de vê-la vencer e dar espetáculo. Se de vez em quando puder fazer apresentações convincentes e até bonitas, bom. Mas se o preço das vitórias vier através de apresentações minimamente aceitáveis, que seja.
Parafraseando o Dadá Maravilha, digo: Não há vitória feia, feio é não vencer.
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