Bola de Couro
Amigos, como nos próximos dias estarei impossibilitado de postar coluna, não queria deixar em branco minha opinião sobre mais um fracasso do Coritiba e o desânimo que dele decorre, ainda que saiba que a emoção do momento não é boa conselheira.
Sim, foi mais um tropeço, pois ainda que o Coritiba não fizesse hoje uma boa partida, vencia e tinha um jogador a mais do que o adversário, desde os 32 minutos da segunda etapa. Empatar com o São Paulo, em tese e abstratamente pode sempre ser visto como um bom resultado. Mas sofrer o empate quando tem o resultado ao seu favor, o adversário desfalcado de um jogador e faltando menos de dez minutos para o encerramento do jogo jamais pode ser tido como um bom resultado. Pior ainda quando o time está muito mal classificado e com risco potencial e iminente de ser rebaixado e a vitória seria fundamental, devendo ser mantida a qualquer custo.
Mas como é possível admitir que um time que sabe, ele próprio, que é limitado, estar vencendo um jogo contra um adversário com dez jogadores e deixar que quase ao final ocorra o empate?
Deixando de lado hoje os enfoques técnicos e táticos dos quais comprovadamente somos carentes, isso se explica, sem a menor dúvida, pela falta de personalidade, falta de liderança, falta de malandragem, falta de experiência, falta de boas condições psicológicas e falta de comando interno e externo.
Após o jogo contra o Grêmio pela Copa Sul-americana escrevi coluna intitulada “Faltou malandragem”, mostrando que se vencíamos com a diferença de gols necessária para a classificação, a partir do momento em que faltavam dez minutos para a partida ser encerrada era o caso de “matar” o jogo, não deixando o adversário crescer. Mas não, deixamo-nos sufocar e aos 47 minutos da segunda etapa, quando o árbitro só esperava que a bola parasse para encerrar a partida, tomamos aquele gol.
Mas nossos jogadores não aprenderam a lição e já repetiram o erro também em várias partidas nas quais sucumbimos nos minutos finais por desatenção, por falta de liderança dentro de campo, por erros técnicos e táticos ou por substituições equivocadas.
Vejam esse demonstrativo:
Coritiba 2 x 3 Botafogo – gol do Botafogo aos 40 minutos do segundo tempo.
Coritiba 2 x 3 Sport – gol do Sport aos 41 minutos do segundo tempo.
Coritiba 0 x 2 Fluminense – gols do Fluminense a partir dos 39 minutos do segundo tempo.
Coritiba 1 x 2 Corinthians – gol do Corinthians aos 44 minutos do segundo tempo.
Coritiba 1 x 2 Santos – gol do Santos aos 37 minutos do segundo tempo.
Sport 1 x 0 Coritiba – gol do Sport aos 47 minutos do segundo tempo
Coritiba 1 x 1 São Paulo – gol do São Paulo aos 38 minutos do segundo tempo.
Se nenhum desses adversários fizesse o gol da vitória ou do empate nos últimos dez minutos de jogo – dos sete resultados, seis em casa – estaríamos hoje com mais nove (9) pontos (6 dos empates e 3 de hoje), e longe da zona de rebaixamento. Mas vamos dar de barato, se não fizessem nos últimos cinco minutos, teríamos somados mais quatro fundamentais pontos. Claro, dirão alguns, mas o jogo tem noventa minutos e nós também já ganhamos ou empatamos algumas vezes fazendo gol no final da partida. Sim, mas esse argumento não serve para quem namora a zona do rebaixamento e que, já que é carente de técnica, deve ao menos jogar de forma pragmática e com bravura.
Como já foi dito e redito aqui que o problema era ou é o técnico, ou que era e é o elenco, ou que era e é a supervisão do futebol que contratou muito mal, que é a alta direção que calculou mal o seu projeto, e que embora muito alertado o time não sabe “matar” o jogo nos minutos finais quando está vencendo ou empatando, só vejo uma saída para não sermos rebaixados.
Reforma do estádio ou construção de um novo, contratação de um grande craque para o ano que vem (na segunda divisão?), reconciliação com a IAV – meu Deus, que retrocesso! – ou seja lá o que for, de nada valerá se sofremos nova queda. Dessa vez, diante do que vem ocorrendo nos últimos anos e da expectativa que a direção que assumiu a partir de 2010 criou para nós, nova queda será uma catástrofe difícil de dimensionar.
Como não adiantarão mudanças de condutas individuais – quem não aprendeu a jogar até agora não aprenderá em dois meses – mudanças táticas (mas o culpado não saiu?), apelar para a raça (como pedir isso a alguém como o Lincoln?), parece-me que o que resta será pedir à CBF que mude a regra quando o Coritiba jogar, de modo a que as partidas tenham somente oitenta minutos de duração. Mas os jogadores não poderão saber, pois do contrário a partir do septuagésimo minuto sofreremos o gol da derrota ou do empate.
É ironia? É deboche? O Rauen está brincando? Amigos, pelo menos hoje foi o que me restou dizer. Gastei minhas tintas na coluna passada para conclamar a torcida a apoiar o time e este pouco se esforça para merecer a torcida que tem. Já estou cansando.
Quero acreditar que escaparemos. Quero acreditar que os otimistas terão razão ao final e que tudo o que foi escrito em sentido contrário seja rasgado e jogado no lixo. Terei prazer em ler colunas ou comentários dizendo que fui precipitado, que desanimei sem motivo. Mas se assim ocorrer, o que desejo com toda minha alma, não esperem que ao final venha a comemorar.
No máximo direi: Ufa!
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