Bola de Couro
Terminou há pouco o jogo em que o Coritiba mais uma vez foi derrotado em casa e desta vez, ao contrário do meu costume, resolvi escrever a coluna ainda sob o calor da emoção do resultado, não esperando a poeira assentar para traçar linhas com mais ponderação e reflexão. Às vezes é bom escrever ainda no calor dos fatos, embora o risco de errar em tais circunstâncias seja maior do que depois que as emoções esfriam.
Muito bem, terminado o jogo de hoje completamos a disputa de quarenta e dois pontos, dos quais conquistamos apenas quinze e os outros perdemos em sete derrotas, três delas em casa, e quatro empates, um deles em casa. Estamos com a defesa mais vazada no campeonato – ainda não temos o resultado do jogo entre Náutico e Santos, onde aquele poderá alcançar a façanha de nos ultrapassar – ou seja, vinte e nove gols sofridos. É verdade que marcamos vinte e três, registrando até o momento o quarto melhor ataque. Marcamos muito gols, um paradoxo em face dos fracos atacantes que temos, mas se tomamos mais do que fazemos de que adianta? Fora de casa, quando perdemos, a diferença sofrida foi de pelo menos dois gols. Em casa disputamos vinte e um pontos e ganhos apenas dez.
Este quadro é muito preocupante – já não digo um pouco preocupante como afirmei em coluna anterior – pois tudo indica que o “fator Couto”, ou seja, a quase que invencibilidade do Coritiba em casa teria terminado. Não assustamos mais os adversários que vêm a Curitiba e temos uma tabela muito difícil pela frente, estando em um ir e vir das proximidades da zona de rebaixamento.
E onde está o problema, o fator determinante de tal quadro? Não tenho a pretensão de ser capacitado para dar respostas exatas, tantas são as circunstâncias que envolvem um clube de futebol, sua direção técnica, o time e os jogadores, assim como conheço meus limites de cronista amador. Afirmar que a solução é esta ou aquela, pretendendo ter certeza, sem dúvida seria conduta temerária. Mas vamos ao que me parece deva ser observado sem embargo de que outros pontos possam ser apontados.
Primeiro, nosso elenco não é bem qualificado e este ano não foi bem composto por quem tem a tarefa de escolher jogadores. Foi um grupo montado de modo suficiente apenas para manter a nossa hegemonia no futebol paranaense, o que agora, diante do péssimo desempenho do rival na série B (talvez a menos qualificada da história), vemos que não era tão bom assim. Não vou elencar os “pangarés”, para usar uma expressão de triste memória, pois a cada jogo uns e outros conseguem se destacar mais negativamente.
Depois, embora já tenha deixado claro que entendo Marcelo Oliveira um bom – bom não é ótimo e nem excelente - técnico, tal convicção não significa apoio irrestrito e menos ainda que ele seja imune a contestações. Ainda que o fator primeiro seja a desqualificação do elenco, o Marcelo tem dado alguma contribuição para a má fase que vivemos. Continua a “culpar” a perda da Copa do Brasil para justificar as más apresentações (até quando o trauma se manterá?). Continua a procurar justificar derrotas em face da arbitragem e continua a respeitar por demais os adversários em suas manifestações (pergunto-me como eu iria para uma batalha se o meu comandante dissesse de antemão que o inimigo era muito forte...). Ainda tem crédito, sem dúvida, mas já está passando a hora de rever alguns conceitos e condutas.
Ao meu caríssimo e admirado Presidente Vilson, digo que ouvi sua entrevista a uma das emissoras de rádio de Curitiba ao final do jogo. Palavras sempre serenas e ponderadas. Mas por favor, não embarque, como pareceu hoje, no trem que justifica os fracassos pelos reais ou supostos erros de arbitragem. Salvo quanto à escandalosa arbitragem prejudicial no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, o problema sempre esteve muito mais entre nós. Temos que fazer a autocrítica e resolver as deficiências em casa, ou talvez fora dela se ainda conseguirmos trazer alguns reforços (e “reforço” não é “reposição”).
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Agora, algumas observações pontuais.
1.Comenta-se aqui em Porto Alegre interesse do Internacional pelo Ayrton, cujo passe estaria fixado em R$ 2.000.000,00. E o Coritiba tem preferência na aquisição dos direitos ao final do contrato. Se é assim, que trate de ficar com ele em definitivo, pois sem dúvida é um dos poucos que brilham no limitado elenco. Quem gastou R$ 1.500.000,00 para contratar o Everton Costa no ano passado, pode pagar o que consta como sendo o valor dos direitos referentes ao Ayrton, fazendo não só um bom negócio como apagando um pouco a má impressão de anteriores maus negócios.
2.Penso que entre os atletas e o comando técnico deve haver diálogo franco. Se o Robinho não estava com vontade de jogar hoje contra o Fluminense, porque não disse ao treinador? E este, porque o manteve até o final da partida?
3.Meu caro Pereira, que entre nós mescla sentimentos de alegria e sustos, você tem sido um dos artilheiros da equipe, mas precisava fazer gol contra?
4.Por fim, ainda que o conjunto da equipe não tenha ajudado e mesmo que se trate do primeiro jogo de que participou por inteiro, tudo indica que o Bonfim poderá se constituir em bom reforço para a equipe. Vamos observá-lo um pouco mais, mas que promete, promete.
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