Bola de Couro
Vivo o futebol e acompanho o Coritiba há mais de cinquenta anos (quase sessenta, na verdade). O decurso do tempo e as emoções vividas em todos esses anos não conseguiram me deixar insensível e nem muito racional quando se trata do meu time e menos ainda quando de atletibas.
Desta vez não foi diferente. Frente à tela, na noite calorenta em Curitiba e molhada e fria em Porto Alegre, assisti a um atletiba espetacular e emocionante, que sem dúvida marcará a história dos clássicos.
Primeiro aspecto a exaltar foi a beleza da apresentação da torcida, que atendeu aos apelos do clube e quase lotou as dependências destinadas ao mandante. Ver as arquibancadas, em especial a do anel da entrada, coloridas de verde e branco é emocionante. E esse predomínio das cores verde e branca (nossa camisa foi escolhida como a segunda mais bonita do Brasil, veja aqui) fica mais marcante quando em contraste com as do rival. No meu entender o melhor contraste entre camisas do futebol brasileiro.
Aliás, para os verdadeiros coritibanos e atleticanos não pode haver jogo mais bonito e mais emocionante do que o atletiba, para nós o maior clássico do futebol brasileiro. A história dos atletibas registra alguns jogos tecnicamente ruins, mas jamais algum sem emoção.
E nesse de domingo não faltou técnica e nem emoção em todos os sentidos – gols feitos, gols perdidos, lances duvidosos não assinalados – e emoção especial foi ver o gol e a comemoração do Negueba. Sim, amigos, o Negueba, que nem sempre joga bem, mas que com o que fez no último atletiba ficará na história do clássico. O Negueba talvez esteja dentre uns poucos jogadores que podem trazer de volta ao futebol a alegria há muito abandonada pelas atitudes ditas “politicamente corretas” e pelo sistema de jogo onde predominam a marcação e os volantes são tidos como craques. O futebol se tornou um esporte onde o personalismo fica em segundo plano em relação ao coletivo, e isso é acertado, afinal futebol é praticado em equipe. Mas mesmo assim, o personalismo deve sempre aparecer aqui e ali para colocar “tempero” nos jogos. Quem não viu ou pelo menos assistiu a alguns filmes ou leu sobre o Garrincha? E quem, dentre os da minha geração, esquece as peraltices do nosso Miltinho na forma de jogar e de comemorar, especialmente em atletibas. E o Zé Roberto? E o Lela? Esses personagens são essenciais para que o futebol seja mesmo a alegria do povo. E neste rol, embora ainda sem as conquistas dos citados, se inseriu o Negueba.
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Uma palavrinha final, aparentemente deslocada do contexto, mas nem tanto.
Os amigos leitores repararam que o time do Coritiba evoluiu a partir do afastamento dos “indomáveis” da direção? Coincidências talvez digam. Alguém – não lembro quem - já disse que as coincidências às vezes são soluções que a vida encontra para mudar o rumo da história.
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