Bola de Couro
Na última quarta-feira assisti ao jogo do rival contra o Londrina. Confesso que procuro não assisti-los, afora nos atleTIBAS, pois em relação a eles sou um autêntico “pé frio” e não consigo sucesso em secar o rival. Nos anos em que esteve ameaçado de ser rebaixado, sempre que via um jogo deles, logicamente para torcer para o adversário, ao final ganhavam e escapavam. Por isso, no ano passado não assisti a nenhum a não ser quando nos enfrentaram e cairam. Mas quarta-feira era dia 29 de fevereiro, ano bissexto, combinação de astros favoráveis e arrisquei. Desta vez deu certo e ao final do jogo conclui que, se “aquilo” que vi era o atlético, então não foram eles que ganharam o turno, mas sim nós que o perdemos no inexplicável empate contra o Rio Branco e no pênalti perdido por Rafinha contra o Cianorte (desde quando Rafinha é cobrador de pênaltis?). Fiquei animado, certo de que com “aquele” atlético o Coritiba venceria o segundo turno com facilidade.
Mas veio a quinta-feira e, embora soubesse do crescimento do Toledo nas cinco últimas partidas, tinha certeza de que a diferença, ao menos teórica, de elenco, peso da camisa, tradição e fator casa nos levariam a uma vitória, não digo fácil, mas pelo menos normal e sem dramas.
Que decepção. Vi um time atrapalhado, com atuações individuais sofríveis – para não dizer péssimas – até de alguns tidos como altamente técnicos. Não temos atacantes. Um, Caio, se esforça, procura o jogo, mas quando a bola chega parece que queima em seus pés. Talvez possa melhorar e o problema seja psicológico, de necessidade de auto-confiança, não vamos queimá-lo. O outro, Marcel, com história recente de fracassos, se mantém quase imóvel em campo, provavelmente convicto de que os outros têm a obrigação de levar a bola até ele. Fez o gol que nos serviu de analgésico, mas não está qualificado para ser mantido no time (a propósito, a comemoração comedida dele, ou a quase não-comemoração, pareceu indicar que ele pensa que a torcida deve para ele e não ele para ela).
A meia cancha está muito aquém da que comandou o time no ano passado. Willian, que ontem teve uma noite decepcionante, pode-se dizer que se tratou de uma má jornada, pois normalmente vem jogando bem. Mas também não se pode esquecer que, com toda sua qualidade, era reserva da dupla Leandro Donizete e Léo Gago. Tcheco, já disse aqui em coluna publicada há alguns meses, é excelente jogador, altamente técnico, mas tira a velocidade da equipe, pois quando a bola é retomada não arma as jogadas com rapidez. Ambos podem ser mantidos, Willian porque joga muito mais do que ontem, e Tcheco desde que tenha na meia-cancha companheiros técnicos e velozes (não esquecer que tem 35 anos de idade e não se sabe se aguentará todo o campeonato). No mais, as atuações do Licoln e Renan Oliveira foram dignas de jogadores de times como o Paranavaí ou Irati, não sei dizer quem foi o pior. Os alas também foram muito mal, mas para Lucas Mendes também há que se dar crédito tal como dado ao Willian, pois normalmente joga bem. Urgem contratações para esses setores, mas não como meras reposições ou promessas e sim como reforços na correta acepção do termo. Algo está mal no Coritiba quanto às contratações. Quem está escolhendo os contratados? Qual deles, talvez à exceção do Gil pelo que vem mostrando nos últimos jogos, está à altura do time do ano passado? Não há um profissional, um “garimpador”, que saiba encontrar nos pequenos clubes jogadores ainda nem descobertos e que possam ser contratados sem muita despesa? E os garotos das bases, entre eles não há nenhum que possa aos poucos ir aparecendo?
Nosso técnico, em relação ao qual não sou tão crítico como a maioria, ontem falhou em duas circunstâncias. Uma, por não ver que o Toledo tentava o contra-ataque nas costas do Jackson e do Pereira e nada fez para mudar. E outra, ao não se conscientizar de que pela primeira vez apareceu um marcador eficiente para o Rafinha e não mandou que ele mudasse de lado, rodasse, enfim, se deslocasse para escapar do ontem brilhante Gerônimo.
É amigos, o gol de ontem no apagar das luzes serviu apenas como analgésico para nossa dor. Mas analgésico sozinho não cura doença, só alivia os sintomas. Sem tratamento, o doente continuará com as dores e poderá agravar o mal.
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