Bola de Couro
Mais uma vez, em reprise dos últimos anos, à undécima hora o Coritiba escapou de ser rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro. Desde 2011 o time não é protagonista no futebol nacional, mas sim mero figurante, e ainda assim um daqueles que têm papel secundário dentre os demais.
Reação lúcida para o ocorrido neste ano jamais pode ser de comemoração, como vi em alguns. O único sentimento que se justifica é o de alívio.
Tudo bem que chegamos à última rodada em melhor condição de que todos os passíveis de rebaixamento. Mas isso é satisfatório? Talvez, se olharmos para dois meses atrás, quando poucos acreditavam que escaparíamos –eu mesmo estava entre os descrentes – alguns possam dizer que houve avanço. Porém, lucidamente nada há comemorar, apenas soltar um suspiro de alívio e desejar que a direção do clube, que assumiu na esteira de grandes promessas de campanha, tenha aprendido com os erros, tanto para não mais cometê-los como para agir com pensamento de clube grande que busque ser protagonista.
Não há mais desculpas e tolerância para tantos erros. A torcida atendeu ao apelo da direção e em grande parte antecipou a anuidade de 2016. As verbas da televisão que não ingressaram nos cofres do clube este ano em razão de antecipação que a anterior direção teria obtido, agora serão integrais. Alguns dos jogadores que vieram para o clube apenas em razão do “nome”, mas que nem mesmo como “medalhões” podem ser considerados – “medalhinhas” isso sim – terão seus contratos findos em 31 de dezembro e não devem nem sequer ser objeto de qualquer tentativa de renovação. Outros, se não têm o contrato por findar, devem ser negociados mesmo que com baixo ganho. Do elenco atual, e a opinião é unânime no geral, com algumas divergências apenas pontuais, poucos, muito poucos mesmo, podem seguir no clube.
E aqui ingresso no que considero a razão que há muito vem fazendo com que o Coritiba faça más contratações. Quem faz as escolhas? Os que montaram o elenco deste ano, e mesmo os dos últimos anos – exceto 2011 – sejam dirigentes, administradores contratados ou ex-jogadores que atuam como olheiros, seguramente não acertaram e se continuarem não acertarão. Aí está o ponto nevrálgico. Saber escolher. Basta uma olhada para os elencos de outros clubes que melhor se classificaram para ver que souberam montar bons times com raros grandes nomes e contratações retumbantes. Muitas equipes, dando como exemplo em uma ponta o Grêmio e em outra a Chapecoense, com pouco dinheiro conseguiram encontrar bons jogadores, certamente indicados e escolhidos por quem conhece bem futebol e sabe ver o potencial de cada atleta e sua afinidade para o grupo.
Enfim, que a direção faça uma reflexão e, agora que sofreu na carne com os erros praticados e está depurada dos maus companheiros, com calma, através de quem sabe escolher, sem precipitações e contratações retumbantes de gladiadores et alii, com os olhos voltados republicanamente para o clube e com os pés no chão, monte um time que devolva aos coritibanos o orgulho que há muito não conseguem expressar.
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