Bola de Couro
Ontem o Coritiba fazia uma das suas melhores partidas do ano em curso, com desempenho que só não se aproximava da perfeição quando a bola caia nos pés de Roberto ou Everton Costa, especialmente este, e tudo se perdia.
A defesa estava segura, a meia cancha, além de marcar muito bem os adversários criava através do Everton Ribeiro (excelente) e na lateral direita se confirmava que a contratação do Airton foi a melhor desde que desmontado parcialmente do time do ano passado. Aliás, um parêntese, com Airton no time, Jonas só terá lugar quando aquele estiver suspenso ou lesionado. A diferença entre os dois é abissal.
Mas voltando ao jogo, tivéssemos dois, ou pelo menos um atacante efetivo, com ambição de fazer gols, não importando se feios ou bonitos, não tenho dúvida de que o Coritiba teria aberto o placar ainda na primeira fase e talvez até o ampliado. Certo, trata-se de mera especulação ou exercício de raciocínio, mas penso que ninguém pode questionar que até aproximadamente a metade do segundo tempo o Coritiba era mais time e só não fazia gols pelas deficiências do ataque. Mais uma vez fazendo um parêntese, o que dizer do ataque de um time no qual os artilheiros do ano são um zagueiro e um meia?
E, se com exceção do ataque tudo ia indo muito bem e poderia ficar melhor com a expulsão de um defensor são-paulino, Marcelo Oliveira procedeu a substituições onde, no meu sentir, errou. Opa, mas na sua última coluna o Rauen não elogiou o Marcelo Oliveira, dando-o como excelente? Sim, elogiei e mantenho o que disse, mas lembrem-se que ali afirmei “Marcelo Oliveira errou e errará, com todos os seres humanos é assim, em qualquer área de atividade”.
Errou primeiro porque o time, com exceção do ataque, repito, estava muito bem. Gil e Everton Ribeiro praticavam uma partida primorosa e não havia razão para que saíssem. Procurei ouvir as reportagens pós jogo em uma das emissoras de Curitiba e não ouvi nenhum comentário no sentido de que teriam sentido algum desconforto físico ou estivessem exaustos.
Depois errou Marcelo Oliveira porque, estando o São Paulo acuado pela própria torcida e tentando se lançar ao ataque furiosamente, era a hora exata para contra-ataques com velocidade. Não era a hora de entrar Tcheco e Licoln, jogadores muito técnicos mas sabidamente lentos e cadenciadores de jogo. A Tcheco devemos muito e muito ele ainda tem a dar antes de deixar o futebol, mas a verdade é que sua presença na equipe se de um lado leva a maior posse de bola, por outra segura a velocidade, em especial dos contra-ataques. Licoln tem características semelhantes, com a diferença de que muitas vezes não se liga no jogo, como ontem ocorreu. Fosse favorável o placar, teriam sido substituições perfeitas, pois ambos são mestres em manter a posse de bola de modo a levar o tempo passar.
Enfim, era um momento para velocidade e o time paradoxalmente passou a cadenciar, deixando que o entusiasmo do São Paulo levasse um excelente atacante, coisa que não temos, a fazer a diferença em jogada individual decisiva.
No meu modesto entender, desta vez Marcelo Oliveira não fez o que se chama de boa leitura do jogo e concorreu – concorreu, não foi a causa e menos ainda causa exclusiva – para o resultado.
A única substituição que não mudou o time para pior – e nem para melhor – foi a entrada do Anderson Aquino no lugar do Roberto, embora talvez fosse mais apropriado sair o Everton Costa. Com a inoperância da dupla de ataque, qualquer tentativa era válida e a entrada do Anderson Aquino talvez tenha acontecido na esperança de que, como seguidamente faz gols na Copa do Brasil, fosse a solução, o que não ocorreu e só serviu para confirmar que não temos mesmo atacantes.
Mas nada está perdido. Se o Coritiba jogar em casa como jogou ontem, com apoio da torcida e rezando para que nossos atacantes façam gols, ou pelo menos os tentem (Everton Costa ontem nem isso) poderemos reverter o resultado. Não é jogo fácil e o São Paulo provavelmente virá armado para nos esperar e tentar fazer gol em contragolpes. Será necessária muita cautela, que o time seja bem escalado e esquematizado, paciência – do time e da torcida – e, o que também é fundamental, que alguns jogadores estejam naqueles dias em que tudo dá certo. Sei que não será fácil, mas Roberto, Everton Costa e Anderson Aquino têm seis dias para tentar aprender a fazer gols. Se toda esta receita se concretizar, poderemos passar mais uma vez para as finais.
Eu confio!
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