Bola de Couro
Alguém disse certa vez, não lembro quem, que a torcida do Coritiba é muito exigente e que, de exigente para chata, só faltava uma vírgula. Não é bem assim, há evidente exagero, mas que foi uma frase inteligente e instigadora, sem dúvida foi. Nem todos dentre os exigentes são como o amigo que criei em uma de minhas primeiras colunas, o Aderbal, um permanente insatisfeito que, mesmo quando o time dá uma goleada, se preocupa mais em apontar os gols perdidos do que os feitos.
Pois bem, dentre os exigentes, mas que procura ser lúcido e não se precipitar tanto na depressão como na euforia em relação às atuações do Coritiba, penso que me encontro eu. Salvo, é claro, quando de algumas conquistas quando deixo de lado a racionalidade, entregando-me à paixão, assim como o faço quando de um grande fracasso. Afinal, sou torcedor antes de ser colunista. Mas, como o momento não é ainda de conquista e muito menos de fracasso vou procurar ser racional nesta abordagem.
A goleada de ontem, pelo que li nos dezenas de comentários aqui no Coxanautas, deixou a torcida com grande euforia – justificada pelo momento, sem dúvida – mas talvez passando um pouco do ponto. O atleTIBA estaria ganho de goleada, o primeiro turno já seria nosso e o tetra estaria assegurado. Vamos ficar confiantes e entusiasmados. Eu também fiquei eufórico com o resultado de ontem. Pessimismo não leva a conquistas. Mas vamos seguir com os pés no chão, com os olhos bem abertos, pois futebol é um esporte em que uma equipe desponta como a melhor e em tese é a favorita – e o atual Coritiba sem dúvida o é nos limites paranaenses – mas a soberba, o tal do “salto alto” e o sobrenatural do Almeida (personagem do Nélson Rodrigues), às vezes aprontam surpresas negativas. Não nos esqueçamos de que alguns atleTIBAs registraram resultados surpreendentes em favor da equipe menos qualificada no momento. Não precisamos ir longe para, como bem disse antes o Popini em sua coluna, recordar que já perdemos dois atleTIBAs em que figurávamos como favoritos e cujo resultado nos causou dano irreparável. E da mesma forma algumas vezes ganhamos quando eles eram os favoritos. Em clássico jamais há “zebra”.
Isso não significa, de modo algum, que não deva ser enaltecido o marcante crescimento da equipe desde a má exibição contra o Arapongas, passando por um excelente primeiro tempo contra o Toledo e chegando à apresentação de gala de ontem.
A equipe, no tocante ao conjunto teve uma atuação perfeita, com variações táticas evidentes conforme o transcurso do jogo, todas com sucesso. Méritos, sem dúvida, do nosso treinador.
E muitas atuações individuais foram de merecer aplausos. Patrick, reforçando a boa impressão que causara na primeira etapa do jogo contra o Toledo, foi espetacular, o melhor do jogo. Será que mais uma vez encontramos a solução para a lateral – ou ala como queiram – esquerda através de um destro? Lembremo-nos que o campeoníssimo Nilo e o campeão brasileiro Dida, que foram os melhores laterais ou alas esquerdos dos últimos tempos afora o Adriano, eram destros. Rafinha, desde o jogo contra o Toledo mostrou que voltou a ser o craque a que estávamos acostumados. Gil, além de eficiente e taticamente perfeito, tem sido um bravo, um leão em campo. E o Leandro Almeida, o que dizer senão que dá uma confiança que se solidificará quando ele puder atuar em conjunto com o Emerson? Até o Robinho se apresentou bem, embora ainda espere dele uma boa atuação contra um time forte. Na verdade, afora umas pequenas atrapalhadas do Pereira, ninguém jogou mal. Aliás, tantas foram as boas atuações individuais, que o Alex se deu ao luxo de só coordenar a equipe, sem precisar se desgastar em um gramado que poderia apresentar risco em face da forte chuva. (Aqui um parêntese: cabe louvar o “flair play” do time do Rio Branco que, massacrado e humilhado, jamais usou de violência como meio para conter o adversário).
Enfim, amigos, o caminho está aberto para a conquista do estadual e para o crescimento de modo a que sejamos protagonistas nas disputas nacionais, não apenas para fazer boa campanha, mas para disputar, e melhor ainda, conquistar um título. Mas, talvez por mais velho do que por sabido, relembro o que disse em parágrafo anterior. Nada de euforia desmedida, de desprezo aos adversários ou de contar com a conquista antes que ela aconteça. Estamos em fase de crescimento, mas ninguém sobe ao topo de uma escada se não o fizer degrau por degrau.
Parece uma redundância, o que vou dizer para finalizar, mas não é. Somos os melhores, mas temos que ser os melhores.
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