Bola de Couro
Vivo o futebol e acompanho o Coritiba há mais de cinquenta anos. O decurso do tempo e as emoções vividas em todos esses anos não conseguiram me deixar insensível e nem muito racional quando se trata do meu time e menos ainda quando de atleTIBAS.
Desta vez não foi diferente. Frente à tela, na noite calorenta, assisti a um atleTIBA espetacular e emocionante, que sem dúvida marcará a história dos clássicos.
Um começo arrasador, uma verdadeira “blitz” que o exército alviverde impôs, encurralando o adversário com três gols e domínio total da partida durante o primeiro tempo, com exceção de um cochilo que resultou em gol do rival ao final.
Para que não parecesse tão fácil a vitória, quis o destino que nova falha, desta vez marcante (o resultado não pode esconder que existem algumas deficiências na defesa, por exemplo as saídas ou não-saídas do nosso goleiro), resultasse no segundo gol do rival, dando a este a impressão de que se abriam esperanças de alcançar um empate histórico. Neste momento, confesso que por alguns minutos fiquei bastante nervoso e preocupado. Será que o bom futebol do Coritiba iria ceder em decorrência de abalo emocional? Só emocional, pois futebol eles não apresentavam.
Qual nada. Depois de uns quinze minutos de absorção anímica dos dois gols, retomamos o domínio da partida e aos poucos fomos esmagando o rival, logo marcando o quarto gol de modo a sepultar qualquer esperança de reversão do resultado. Aliás, só não fizemos mais em razão da boa atuação do goleiro adversário.
A partir daí colocamos o rival de joelhos em todos os aspectos, com total domínio técnico e emocional. Uma partida quase perfeita, tanto que poucos dos nossos se sobressaíram em relação ao próprio time pois o futebol de cada um foi fator decisivo para a boa apresentação e o resultado. Como citar Marcos Aurélio sem dizer que Leandro Donizete foi grande? E Bill, que frieza para fazer o primeiro gol? É possível dizer que Rafinha jogou menos que os outros? E o Léo Gago? Que partidaço! Davi, com dois gols decisivos, pode ser considerado como tendo jogado menos que outros? Enfim, não vejo um ou outro que possa ter se destacado em relação aos demais.
Como é bom ganhar atleTIBAS. Esquecemos problemas pessoais, abraçamos a qualquer desconhecido que esteja do nosso lado e entramos em verdadeiro êxtase. Sem ser grosseiro, dá para dizer que vencer um atleTIBA como o de hoje é como alcançar e se manter em estado de orgasmo.
Bem, amigos, colocamos o rival de joelhos e de joelhos me coloco para fazer um ato de contrição. Logo após o jogo contra o Ypiranga de Erechim, em razão da má apresentação do Coritiba, escrevi uma coluna sustentando que o time não entusiasmava. Não disse que era ruim, o que está a léguas de afirmar que não entusiasma, mas mostrei ceticismo e preocupação com o atleTIBA que se aproximava.
Pois bem. Com a apresentação de hoje, o time derrubou a minha desconfiança, e por isso, tal como a equipe deixou o adversário, coloco-me de joelhos contrito perante a bandeira do glorioso Coritiba pedindo escusas por não ter acreditado e nem vislumbrando uma apresentação de gala como a de hoje.
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