Bola de Couro
De acordo com o blog “Bola no Corpo” do Leonardo Mendes Jr., veiculado na Gazeta do Povo, a proposta do Coritiba para trazer Deivid para o seu elenco seria a seguinte:
“Contrato de três anos;
-Remuneração fixa de R$ 120 mil;
-Bônus por partida disputada;
- Nos meses em que Deivid disputar todos os jogos, seu salário salta para R$ 280 mil;
- Este valor (R$ 280 mil) é o máximo que o Coritiba pagará a Deivid por mês;
- Este acerto vale apenas para o caso de o negócio ser fechado a tempo de Deivid jogar pelo Coxa ainda em 2012 (a data-limite para inscrição é 20/9);
- Passando esse prazo, não que Deivid deixe de interessar para 2013, mas a situação seria reavaliada.”
Estou entre os que vêm pedindo a contratação de um bom atacante de ofício para o Coritiba há muito tempo, mas quero fazer algumas considerações sobre o atleta escolhido e a forma de remuneração proposta para trazê-lo ao clube. Partindo, é claro, do pressuposto de que a informação do jornalista é veraz, ou seja, por enquanto tratando de hipótese.
Primeiro, sem dúvida se trata de jogador com histórico marcante, pois já passou pelo Santos, Corinthians, Cruzeiro, Fenerbach, Sporting e Bordeaux antes de chegar ao Flamengo. Toda essa história se desenvolveu em período de mais de dez anos, estando ele atualmente com trinta e três anos de idade, sem dúvida um tanto maduro para um contrato longo de três anos, período ao fim do qual muito provavelmente estará encerrando a carreira sem que o Coritiba possa auferir lucro com eventual transação. Sem dúvida também, embora nos últimos tempos não tenha sido visto atuar (o que por si só já levaria a alguma indagação), é melhor do que os atacantes de que dispomos atualmente.
No Flamengo, em 2010 atuou em 17 partidas e nelas fez apenas 04 gols. Em 2011 disputou 52 partidas, já então com uma média melhor, somando 21 gols. E no corrente ano participou de 18 jogos, conseguindo 6 gols. Em outras palavras, em um total 87 jogos pelo Flamengo fez 31 gols, ou a média de 0,35 gols por jogo, ou mais ou menos 1 gol a cada 3 jogos. É praticamente a mesma média do zagueiro Emerson no Coritiba que, neste ano, em 36 jogos fez 10 gols.
Quanto à forma de pagamento, disputar todos os jogos, ou pelos menos se esforçar para tanto, deve ser obrigação de qualquer atleta de equipe de futebol, e não só quando visa a melhorar a remuneração. Recebe salário para isso. Não ser escolhido para compor a equipe quando de jogos só se justifica quando não está na melhor forma técnica ou física, ou quando não se adapta ao esquema exigido para a ocasião, ou ainda quando está lesionado. No mais, não se justifica não jogar. Por que então ganhar mais quando jogar mais, se assim não é com os seus colegas? Ou há alguma presunção de que às vezes não terá interesse em jogar e por isso precisará de incentivo?
E a cláusula valerá quando o atleta estiver afastado por lesão? Duvido que a Justiça do Trabalho assim aceite, pois na verdade para o Judiciário laboral a não participação por problema de saúde será justificada e a remuneração considerada será a de R$ 280.000,00, e não ao contrário, não tenham dúvida.
Por outro lado, o elenco estará blindado para eventual “efeito Marcelinho Paraíba”, cujos salários e regalias desagregaram a equipe em 2009, sendo causa fundamental – não disse exclusiva, atenção – para nossa queda?
São dúvidas que lanço à consideração dos amigos, não sem antes afirmar que confio nos ideais da nossa direção e da lisura com que se conduz, e que continuo a querer que a equipe seja integrada por um bom atacante de ofício. Deivid talvez possa ser o nome. Mas não a qualquer preço e nem com um contrato com alternativas de remuneração passíveis de interpretações difusas e nem tão longo em face do risco que nele se contém.
Como podem ver, para o caso tenho mais dúvidas do que convicções. À consideração dos amigos.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)