Bola de Couro
O título de coluna é o mesmo de uma música do Ivan Lins. Se, como diz a música, depende “nós que o riso esteja no ar sem que a gente precise sonhar”, então estamos com um riso no ar e quase não precisamos sonhar tão concretas que são as possibilidades de o riso se escancarar e se espalhar na nação coritibana, mas que, mudando um pouco o título da música, “depende “só” de nós”.
Começamos esta semana com um misto de euforia e confiança, mas também com alguma preocupação talvez nunca vistas na história do Coritiba. Claro, podem dizer que os mesmos sentimentos nos tomaram conta antes da decisão de 1985, ou quando por um ponto fomos rebaixados em 2009, quando em ambas as ocasiões tudo dependia de nós. Mas, amigos, atleTIBA com tal carga de decisão como esse que se aproxima alguém já viveu? É possível compará-lo com algum outro?
Decidimos muitos estaduais contra eles, todos sempre tensos em face da natural carga emocional que só quem sabe o que é o clássico local pode avaliar. Que tal lembrar-se da decisão de 1978, quando empatamos os três jogos finais e ganhamos o título na disputa de pênaltis consagrando o já consagrado Manga? Ou indo mais longe, a de 1968 quando conquistamos o título no último segundo de jogo, quando o árbitro já levava o apito à boca para encerrá-la? Quem sabe o de 2004, quando Tuta calou a arena da baixada em gol antológico e quase ao apagar das luzes? Claro, perdemos algumas decisões, mas em relação a essas minha memória é seletiva e guardo pouco as lembranças.
Todos foram muito emocionantes, mas em nenhum deles o rival ficou com menos do que o vice-campeonato, subtítulo que fica nas estatísticas e que dói no momento da perda, mas logo ali adiante é absorvido.
Agora não. Agora o resultado poderá ser a nossa consagração e ou o abismo para eles. Claro, como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém – meus dedos quase que trancam para digitar o que segue – é possível que seja nosso fracasso e o alívio deles. Alívio, apenas, pois consagração, não a obterão. Mas fracasso para nós sim, sem dúvida.
Assim, como diz a abertura da coluna, mais do que nunca tudo depende de nós. Se ganharmos, pouco importa os resultados paralelos. Estaremos na Libertadores e eles na segunda divisão, talvez do tamanho igual à arrogância que têm. Se ganharmos e o Flamengo perder, estaremos melhor ainda e eles na segunda divisão, que poderia ser muito pequena, mas talvez não seja, para um clube que se diz dez anos à frente dos outros. Se empatarmos e todos nossos concorrentes não ganharem, estaremos classificados e eles mais uma vez na segunda divisão, talvez do tamanho certo, ainda que temporariamente, para um dos clubes mais marqueteiros do Brasil. Se perdermos e Cruzeiro e Ceará ganharem, mas todos nossos adversário direitos também perderem, nos classificaremos e eles...Se empatarmos e nossos adversários diretos vencerem, perderemos a classificação mas eles irão viajar pelo interior do Brasil pela segunda divisão. E se perdermos, mas Cruzeiro e Ceará ganharem seus jogos, igualmente eles se vão. Alguma satisfação ainda nos restará. Como se vê, a hipótese desfavorável a nós e favorável a eles é a mais remota dentre todas. Seria necessário que perdêssemos e que não saiam vencedores o Ceará ou o Cruzeiro. Improvável não é, mas que é muito, mas muito difícil não tenho dúvida.
Assim, da hipótese mais otimista/realista a mais pessimista/improvável, dificilmente terminaremos o próximo domingo sem alegria, maior ou menor.
Espero e confio que, tal como ocorreu nas decisões vitoriosas a que me referi antes, e que (“vade retro” as de 1998 pelo campeonato brasileiro e a da Copa do Brasil deste ano) o riso estará no ar e não mais será preciso sonhar, só vibrar e se orgulhar. Vamos nos classificar e eles vão cair. É só, é o que basta.
E desta vez, tenho certeza, se nos classificarmos para a Copa Libertadores da América não a jogaremos fora bisonhamente como em 1986 e 2004. Somos outro clube, com visão de grandeza e conscientes de nosso poderio, mas também de nossas limitações.
Depende de nós que o riso esteja no ar. Como cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém, vamos confiar, mas com os pés no chão. Se soubermos ter aquela confiança na medida exata, sem desprezo ao adversário, com consciência sobre os pontos onde temos limitações aliada à de sabermos o que de bom temos, em maioria, amigos, a porta da caverna do tesouro está logo ali para abrimos e nos deleitarmos.
Confio!
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