Bola de Couro
Vou revelar aos amigos um episódio da minha vida, não para que a coluna trate de mim, mas sim para contextualizar a conclusão que vou tirar sobre o atual Coritiba.
Quando eu tinha quarenta e cinco anos sofri um forte infarto que me fez repensar a vida. Trabalhava muito, quase não tinha lazer que não um futsal uma vez por semana – sim amigos, já tratei bem a bola – e era muito estressado. Aconselhado pelo médico comecei a diminuir o ritmo, consegui remoção para uma vara com menos processos, e em especial comecei a procurar me envolver com lazer.
Amigos me disseram que uma boa atividade seria a dança de salão, pois sempre seria pretexto para ir a uma festa, um clube, um bom jantar e ainda dançar com a minha mulher. O problema é que eu não sabia dançar, era um pé-de-chumbo. Tratei então de me matricular em uma academia de dança.
Frequentei as aulas por dois meses, ao final dos quais o professor me chamou em um canto, colocou a mão em meu ombro e fraternalmente me disse que não queria mais receber meu dinheiro sem razão. Eu, definitivamente não levava jeito. Aconselhou-me, já que eu fazia tanta questão de dançar, que praticasse o “dois pra lá, dois pra cá”. “O senhor não vai se consagrar, mas também não vai fazer papelão. O problema é que não sairá do lugar”, disse-me. Um pouco deprimido aceitei o conselho e até hoje, embora sem entusiasmo o pratico.
Vendo a campanha do Coritiba atual, sou levado a imaginar que nosso técnico e alguns jogadores tiveram a mesma aula e o mesmo conselho e o estão seguindo. Campeões paranaenses invictos e por antecipação, dois pra lá. Finalista da Copa do Brasil, dois pra lá. Perda do título da mesma Copa com uma escalação inesperada e aberrante e um “frango”, dois pra cá. 5 x 0 no Botafogo, dois pra lá. Sofrer três gols do modestíssimo Ceará, dois pra cá. Boa vitória sobre o Cruzeiro, dois pra lá. Partida medíocre contra o não menos medíocre Figueirense, dois pra cá. Marcos Aurélio o craque do primeiro semestre, dois pra lá. O mesmo Marcos Aurélio descomprometido nos últimos tempos, dois pra cá. E por ai fomos e vamos, basta consultar a tabela e examinar a queda na atuação de alguns. Como disse meu professor, dois passos para um lado, dois para o outro, dois passos para frente, dois para trás, e não saímos do lugar. Não fazemos papelão e nem nos consagramos.
O comentário do comentarista:
Sempre leio os comentários que os Coxanautas fazem às minhas colunas. Uns apenas para elogiar; outros para elogiar e acrescentar argumentos que não me ocorreram; outros ainda apenas para discordar de forma elegante; outros de forma veemente ou até ríspida; mais alguns para discordar e acrescentar argumentos. A todos respeito e todos sempre me fazem refletir e avaliar meus conceitos. São indispensáveis os comentários, pois sem os elogios talvez ficasse em ânimo e sem as críticas talvez não refletisse sobre os erros e os corrigisse.
Assim, a partir desta coluna, vou transcrever um comentário, aquele que me chamou mais a atenção a cada coluna, seja em que sentido for. Ressalto que inúmeros poderiam ser publicados e os que não o forem não é porque não tenham também impressionado. Registro também que presumo que estou tacitamente autorizado a fazer a reprodução, uma vez que quando o Coxanauta lança o seu comentário está tornando-o público. Caso algum dos amigos não aceite que o faça, peço que assim comunique.
Na última coluna, “Novo Estádio e saudades do atual, como conciliar”, chamou-me atenção o comentário do Coxanauta que assina “artigas_cfc”, que disse: “O Alto da Gloria será onde o Coritiba estiver!". Perfeito.
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