Bola de Couro
Em futebol, toda derrota é lamentável. A maioria é indigesta, mas algumas são absorvíveis tanto pelo contexto em que ocorreram como pelo que a equipe vencida demonstrou em campo.
E foi assim no jogo deste domingo contra o Corinthians, clube que, em que pese nem sempre mereça as vitórias pois constantemente é favorecido por arbitragens levadas a tal pela força da mídia, há que se reconhecer que também pelo futebol que apresenta e a força de sua torcida é sempre adversário difícil para qualquer equipe brasileira. Assim, por melhor que seja o adversário, jogue completo ou não, atue bem ou não e esteja sob boa ou má arbitragem, vencer o Corinthians é sempre um feito. Mais difícil ainda se o adversário se apresenta sem o time considerado como titular, como ocorreu hoje com o Coritiba.
Consideradas essas circunstâncias e a escalação a que nos obrigamos pelo fato de estarmos disputando um título nacional, a derrota que sofremos é sem dúvida daquelas absorvíveis, especialmente pelo que ocorreu na segunda etapa. Após a “blitz” apresentada pelo Corinthians na abertura do jogo, quando conseguiu o gol antes de nossos reservas se estabilizarem, o Coritiba fez uma boa partida. Iniciou com uma formação dentro da qual somente Lucas Mendes vinha jogando regularmente, alguns jogaram em uma ou outra partida, outros haviam jogado somente alguns minutos aqui ou ali e outros jamais haviam participado, caso de Dejair e, na segunda etapa Willian Leandro (que parece prometer). Aos poucos, e especialmente após as modificações feitas por Marcelo Oliveira, conseguimos segurar o Corinthians e por alguns momentos até dominar o jogo. Não fosse a trave impedir gol do Anderson Aquino, talvez estivéssemos plenamente satisfeitos com um empate com sabor de vitória.
O que satisfaz e torna a derrota absorvível, foi a constatação de que temos elenco – salvo a exceção que a seguir vou abordar – e a confirmação do que muitos de nós já sabemos, temos técnico.
Com efeito, quase todos os reservas se saíram bem ou até muito bem alguns e nosso técnico mostrou que sabe ver o jogo e principalmente mudá-lo, como ocorreu com as substituições que fez, inclusive na entrada do até então desconhecido Willian Leandro bem aberto pela direita e proporcionando novas alternativas para o jogo.
Uma decepção, porém, deve ser registrada. Aliás para mim uma confirmação do que já pensava, embora deseje muito que o indigitado me desminta e faça engolir as palavras pois se o fizer o Coritiba só terá a ganhar e não me importarei se vier a ser contrariado, embora ache difícil que tal ocorra.
Refiro-me ao Evérton Costa, cuja contratação penso que foi um equívoco do Coritiba (embora a direção e comissão técnica tenham ainda muito crédito). É jogador que só sabe se destacar em clubes de menor expressão, como ocorreu no Galo Maringá e Caxias (neste é que teria impressionado nossa comissão técnica), mas que sente o peso da camisa quando está em clube grande, como de suas passagens pelo Internacional e Grêmio. Naqueles, confirmou o ditado de que “em terra de cego quem tem um olho é rei”, ou seja, dentro de elenco fraco e time sem responsabilidades maiores, se destaca. Nos últimos demonstrou outro ditado “quem nasceu para capão, nunca chega a garanhão”, em outras palavras, quem nasceu para brilhar em pequenos palcos, neles tem o seu limite.
Hoje, contra o Corinthians, foi quase um poste em nosso ataque. Recebia a bola, isso quando conseguia se livrar da marcação, e tratava de burocraticamente passá-la ao companheiro que estivesse mais próximo, como a se livrar da responsabilidade. E ficou nisso. Presença na área, deslocamentos para receber, exercício da marcação em relação à qual o time tem se destacado, nada. Com acerto foi substituído para a segunda etapa, melhorando muito e equipe pela sua ausência, ou melhor, pelo preenchimento de sua ausência, pois ausente já estava há muito tempo. Uma pena. Dentro de um elenco harmônico tal o que temos, como hoje restou demonstrado, um atleta que por enquanto se destacou apenas pelo penteado exótico.
Deixando de lado esse enfoque, ainda que importante, o significativo é que, como já disse antes, os demais atletas que hoje integraram a equipe demonstraram que estão à altura – ou quase – dos titulares. Também significativo é constatar que estão nas mãos de profissional que sabe ver e entender o jogo, modificando a equipe onde e como tem que ser mudada.
Mais do que nunca estou confiante no presente e no futuro dessa equipe e do clube como um todo (este, não é demais dizer, a partir da refundação propiciada pela liderança do Vilson Andrade), convicto de que aos poucos, passo a passo e com o que o lugar comum convencionou dizer “pés no chão”, retomamos nosso lugar como o maior clube de futebol do Paraná e em breve seremos vistos como um dos maiores do Brasil.
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