Bola de Couro
Ontem, ao ver nosso terceiro gol no jogo contra o Paranavaí, e refletindo sobre o que comentar na coluna desta semana, lembrei que já homenageei a alguns jogadores do Coritiba, dando-lhes o título do texto, mas ainda não havia dito algo mais expressivo em relação ao Emerson.
Digo que a lembrança veio quando do terceiro gol, pois mais uma vez Emerson marcou, não porque Lincoln “colocou” a bola em sua cabeça, como referido por um dos jornais curitibanos, mas sim porque ele foi buscar a bola. Para quem não lembra, se puderem revejam o lance, Emerson está marcado e, quando a bola é levantada, sai rapidamente ao encontro dela, deixando os marcadores para trás e cabeceando praticamente sozinho. E assim tem sido em quase todos os seus gols. Fica por ali naquele empurra-empurra, se fazendo de morto, mas quando a bola é levantada parece que advinha onde vai cair e a busca escapando dos marcadores. É sua marca registrada quando vai à frente aguardar cruzamentos.
Além do mais, desde o ano passado é o nosso atleta mais regular, dificilmente compromete e não lembro tê-lo visto jogar mal, ainda que nem sempre seja excepcional. Nós, torcedores sempre passionais (torcedor passional é quase um pleonasmo), temos o mau vezo de “bater” nos que comprometem, esquecendo de louvar os que se mostram regulares como é o caso do Emerson. Além do mais, da expressão facial do Emerson a cada gol que o Coritiba faz, seja dele ou dos outros, é fácil constatar que gosta do clube, que está se sentindo em casa. Não só vibra como se mostra radiante.
Emerson está ingressando na história do Coritiba, e provavelmente daqui a alguns anos será lembrado tal como hoje são Nico, Fedato, Oberdan e outros poucos. A ele, a homenagem da coluna.
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Há alguns dias, questionado por um jornal sobre se a novel camisa preta estaria influenciando más apresentações do Coritiba, o Vice-Presidente Ernesto Pedroso Jr. disse que “camisa não ganha jogo, o que ganha é raça, treinamento, disposição, vontade”.
Tem razão o ilustre dirigente na sua afirmação, mas só em parte, pois se esqueceu de incluir como itens fundamentais para o sucesso de uma equipe de futebol também a “qualidade técnica, individual e coletiva”. Raça, vontade e disposição – quase que sinônimos (olha o pleonasmo por ai de novo), são muito importantes. Mas sem bons jogadores, sem qualidade técnica individual e sem bom comando técnico é possível apenas vencer alguns jogos aqui e ali, mas não se chega longe. É certo que o futebol é emocionante por não ser previsível, e muitas vezes equipes menos qualificadas se impõem ante as que o são mais pela disposição. Mas isso é exceção e vigora temporariamente. Se fossem somente aqueles indicados pelo dr. Pedroso os atributos necessários para ser uma equipe vencedora, quantos dos leitores Coxanautas jovens e com boas condições físicas não se habilitariam a defender o Coritiba? Afinal, vontade, disposição e raça não devem faltar à maioria dos torcedores.
Queremos elenco dedicado, sem dúvida, mas o queremos também qualificado, individual e coletivamente.
A propósito. Muito feio o uniforme todo preto.
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Os amigos que me distinguem com a leitura sabem que não sou nem tanto ao mar e nem tanto à terra em relação ao técnico Marcelo Oliveira. Tenho-o como um bom treinador – apenas bom, não ótimo e nem excelente – que em muitas vezes acerta, como ocorreu na mudança tática de ontem, mas em outras tantas erra.
E os erros, embora possam ser vistos por mais de uma perspectiva, no meu entender têm um componente a ser destacado, qual seja o aparente comprometimento do Marcelo Oliveira com a fidelidade a alguns jogadores de cuja escolha ele participou. Sabemos que no Coritiba as contratações são decididas por um grupo do qual participam o Felipe Ximenes e o presidente Vilson, pelo menos. Mas duvido que alguma das contratações efetuadas após a saída do Ney Franco tenha sido feita sem a indicação ou aprovação do Marcelo Oliveira.
Muito bem, acompanhem-me.
Como indicou ou aprovou tais contratações, em relação àquelas que não deram certo constantemente está ele tentando provar que não errou, fazendo com que joguem os indicados, sempre na esperança de que acertem, ainda que mais do que provadas suas carências e mesmo que as suas participações nos jogos venham em prejuízo da equipe. É o caso, por exemplo, dos Evértons, assim como do Marcel, estes os mais escancarados. E parece também que Marcelo Oliveira, pelo seu temperamento conciliador e pacífico, e pelos vínculos que criou pelo tempo em que está no clube, não quer “queimar” a carreira de algum jogador, como é o caso do Eltinho, embora, ao que ao que lembro é contratação anterior. Ontem, me dirão, ele ajudou na virada do jogo. Concordo. Mas o adversário era uma equipe de segunda linha. E quando enfrentarmos os times da série A? Eltinho poderá ter vez no time? Lembrem-se dos 4 x 3 do São Paulo contra nós no ano passado.
Marcelo Oliveira deve se despreocupar em tentar demonstrar que acertou na indicação ou aprovação de atletas que comprovadamente não deram certo, bem como não insistir em tentar “salvar” a carreira dos mesmos. É normal que alguns indicados se encaixem e outros decepcionem. Acertou em algumas indicações ou aprovações e errou em outras, isso é normal, é da vida. Quem é ou foi dirigente de empresa ou repartição pública e lida ou lidou com empregados ou funcionários, sabe perfeitamente que para o bem da entidade é necessário deixar o coração de lado, dando primazia à razão.
Deixe que, no conflito entre a razão e o coração, este prevaleça entre nós, torcedores. No comando técnico, porém, que se inverta a prioridade. Sem abandonar o coração e a emoção, que se dê preferência à razão e ao bem coletivo. É a visão e revisão de conceitos que espero do Marcelo Oliveira em alguns tópicos de sua atuação.
Sou sócio, ajudo a construir o meu Coritiba.
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