Bola de Couro
Alguns poderão me chamar de pessimista, negativista, derrotista ou outros adjetivos com o mesmo significado que possam encontrar.
Mas, amigos, eu não acredito que o Coritiba possa escapar do rebaixamento. Todos os indicativos objetivos dizem que nossas chances se foram. Sim, a matemática diz que em tese é possível, mas embora seja ela uma ciência exata, não se apoia em projeções e suposições. Pensar em escapar, então, somente por razões subjetivas e irracional paixão.
Infelizmente a cada ano, a partir de 1989 com alguns respiros em 1998, 2003 e 2011, a sina do Coritiba tem sido a de viver em crônica crise. A cada eleição esperanças se renovam, para logo ali cairmos na realidade cruel de que os que assumiram o Coritiba não mostram competência – e nem ousadia – para reerguer o clube.
Um dia desses trocava mensagens com um amigo contemporâneo e nos lembrávamos dos grandes times que o Coritiba já teve. Os fatos hoje são história, os mais jovens quase que só ouviram falar, mas nos lembramos do time que em 1967 venceu a seleção da Hungria que no ano anterior tirara o Brasil da Copa do Mundo da Inglaterra. De uma vitória por 3 x 2 sobre o Atlético de Madrid. De outra sobre a seleção da França por 2 x 1. Uma amostra da grandeza de um clube que era reconhecido nacionalmente e, embora em menor dimensão, até internacionalmente.
E era um clube respeitado pela CBF, que não escalava árbitros mal intencionados ou fracos para jogos do grande Coritiba.
Tínhamos então um dirigente estadista, Evangelino da Costa Neves, figura fundamental para a grandeza que o clube atingiu naquela época de ouro, e que não vacilava em defender direta e pessoalmente o Coritiba em todas as esferas. Um presidente que assistia aos jogos dentro do gramado – então era permitido - e que não vacilava em frequentar os escaninhos da CBF para defender o clube.
Este foi o Coritiba, amigos. Um clube que tem que se agarrar ao passado para lembrar que já foi grande.
Hoje, além de dispormos de um elenco de futebol fraquíssimo, comandado por um técnico teimoso, que não quer ver o caos que está o time e que parece que não está se importando com o nosso futuro, temos uma direção – perdoe-me meu prezado Bacellar, mas amigo leal é quem aponta os nossos erros para nos ajudar e não quem nos dá tapinhas nas costas – que não se impõe e que às vezes parece querer transferir responsabilidades para a torcida.
A propósito do último enfoque, foi dito, há poucos dias, que as dificuldades financeiras do clube derivariam em grande parte da inadimplência de sócios.
Ora, todos sabem que não é assim. De um lado, um passivo antigo que, se não pode ser responsabilidade da atual direção, também não a autoriza, tal como todas as gestões anteriores faziam, a usar o fato como um escudo para a falta de criatividade e ousadia. De outro, gastos injustificáveis em contratações equivocadas, como, dentre outros exemplos que poderia citar, a do Marcos Aurélio, encontrado na reserva, que nem no banco ficava, de um time da segunda divisão que está sob risco de ser rebaixado. Sem esquecer o estranho longo contrato que leva ao pagamento de R$ 100.000,00 mensais ao Keirrison, que parece ser mais um pecúlio indenizatório do que salário. E tantos outros desperdícios poderiam ser elencados. Certo, nem sempre há acertos nas contratações. Mas também é certo que dificilmente ocorrem tantos erros.
E por outro (faço um parágrafo proposital para destacar), não pode o caro presidente Bacellar esquecer que a relação entre o clube e a torcida é uma via de mão dupla. Sem a participação da torcida não há clube forte, mas, na mesma proporção, com o clube caindo pelas beiradas é natural que muitos torcedores sejam levados a se afastar, ainda mais nos tempos difíceis que vive a nossa economia. Sempre restam os abnegados que mantêm suas contribuições em dia Mas até quando suportarão e manterão a mesma abnegação sem a contrapartida do clube?
Enfim, amigos, penso que só um milagre poderá nos salvar do rebaixamento, e mesmo que assim aconteça terá sido mais um ano perdido, pois o Coritiba não foi criado e estruturado em sua história para ser um fraco coadjuvante dos campeonatos em que participa e ao final deles comemorar apenas a sua permanência para as disputas futuras.
Mas milagres, salvo alguns embustes que os aparentam, são muito difíceis de acontecer. Porém, já que estamos desesperados, deixemos de lado a racionalidade e agarremo-nos ao divino ou ao sobrenatural. É o que resta.
Em tempo: A escalação para domingo, com Ivan e Cáceres, dificulta eventual milagre.
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