Bola de Couro
Toda vitória deve ser comemorada e enaltecida, embora nem por isso se deva afastar olhar crítico, elogiando aspectos positivos e alertando para os negativos. Ser comentarista de resultado talvez seja fácil, não sei, não sou.
Forte nessa premissa, segue breve análise sobre o jogo de ontem.
Gostei da vitória, o que é óbvio, mas fundamentalmente pelos últimos vinte minutos da apresentação da equipe, especialmente após o reingresso do Bill e do Anderson Aquino, pois até o primeiro gol o Coritiba foi um time comum e sem inspiração, procurando justificativas na velha estratégia de culpar o árbitro pelos fracassos individuais.
Gostei muito da evidente recuperação do Léo Gago, o melhor do jogo, voltando a ser o regente do meio de campo. O gol que fez foi primoroso, digno de figurar por muito tempo entre os mais belos do campeonato e dificilmente será imitado.
Gostei da apresentação do Jonas, salvo a conduta que adiante vou abordar. Trata-se de atleta que muitas vezes é injustamente criticado por alguns, mas sem dúvida tem como virtude a estabilidade nas apresentações, além de forte dedicação em campo.
Também gostei da defesa, praticamente impenetrável. Os lances em que o Edson Bastos foi obrigado a intervir, com exceção das saídas em cruzamentos, foram poucos, nenhum com perigo, o que demonstra que a zaga não permitiu ao Figueirense se aproximar do nosso gol.
Mas devo dizer que não gostei da apresentação do Leonardo, que não repetiu a atuação dos últimos jogos e mais se preocupou em simular faltas, isso quando não as cometia, impedindo o prosseguimento do lance. Nesse aspecto, convém que o Leonardo se espelhe no Bill que, quando sofre faltas é porque efetivamente ocorreram. Se o árbitro nem sempre as marca é outra história. Leonardo é craque, mas a verdade é que é cíclico, um dia uma apresentação de gala, no outro decepciona.
Não gostei da atuação do Marcos Aurélio, mas já a previa. A história do Marcos Aurélio mostra que, quando é afastado por lesão grave, como foi a última, sempre demora em torno de três ou quatro jogos para voltar a ser o grande craque que é. O fato não deve preocupar, pois logo ali adiante será o Marcos Aurélio de sempre. Preocupou-me apenas a visível “barriguinha” que as câmeras mostraram quando o apanhavam de perfil. Se não foi distorção na imagem da minha televisão, certamente houve descuido do atleta quando da inatividade e recuperação. Nada que uma moderada no apetite não corrija, mas que deve ser providenciado.
Finalmente, não gostei nada da forte discussão que envolveu Léo Gago, Anderson Aquino e Jonas pela definição na cobrança de uma falta, o último se retirando do lance a esbravejar com os companheiros. Logo em seguida, quando Jonas chutou em gol em lugar de cruzar para Bill, este se mostrou claramente inconformado com o colega (não sei fazer leitura labial, mas o que Bill disse não foi bonito).
Espero que ambos os episódios não estejam a indicar alguma desagregação no grupo - o que ocasionalmente, apenas ocasionalmente, pode ser normal em qualquer meio de atividade - mas merecem intervenção da comissão técnica para que sejam bem resolvidos e não causem de divisão no elenco.
Agora, mesmo deixando de lado que se tratou de erro de conduta dos atletas, o primeiro episódio demonstra falta de comando técnico para circunstância de jogo, a cobrança de faltas. Todos os jogadores que possuem alguma habilidade para cobrar penalidades devem ser instruídos sobre a quem cabe a preferência conforme a localização do lance. Isso é primário e deve ser previamente definido, jamais objeto de discussão no momento da execução. Além da intervenção pacificadora, a comissão técnica deve tratar de corrigir a falta de planejamento para a hipótese.
Mas enfim, entre “gostei” e “não gostei”, além de ser evidente a satisfação com a vitória e o placar, a apresentação dos últimos vinte minutos permite crer que estamos no caminho da retomada da excelente campanha do primeiro semestre.
Potencial não falta.
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