Bola de Couro
Nos últimos tempos, ao acessar sítios direcionados ao futebol – jornais online e outros – passei a ficar com um pouco de dúvida sobre quem é o ídolo e a referência no atual time do Coritiba - Alex ou Robinho - assim como estou vacilando sobre se a minha experiência de vida me levou a agora, na maturidade, passar a ter conceitos errôneos sobre o futebol.
Sim, amigos, porque embora saiba o que o Alex já jogou nos últimos quinze anos e tenha segurança de que logo ali voltará ao mesmo futebol que encantou ao mundo, a mídia dá tanto ou mais destaque ao Robinho em matérias nas quais ele parece ser a referência ou o grande jogador ou o porta-voz dos demais atletas do Coritiba, e isso vem constantemente ocorrendo (por exemplo, no dia 27 último ele foi referido em quatro matérias distintas).
É velha a expressão de que a “propaganda é a alma do negócio”. Há que se reconhecer a competência da sua assessoria de imprensa, a qual certa vez não tratei muito bem em coluna, mas tenho que reconsiderar e reconhecer que é eficiente, sabe colocar o assessorado em destaque. Mas em que pese seja assim, devemos lembrar que a assessoria atua em favor do jogador e não do clube, de modo que, a despeito de conseguir que o atleta esteja sempre na vitrine, isso não significa que é o craque que às vezes se tenta afirmar explícita ou implicitamente.
Na verdade, o Robinho não é mau jogador, não se pode dizer isso, de modo algum. Já o vi jogando bem, faça-se justiça, mas nunca o vi bem contra times fortes ou quando o Coritiba como um todo atuou mal. Mas é apenas mediano, não o craque que procuram pintar e o seu nível técnico não está à altura de um time que pretende ultrapassar os limites estaduais e deve - como disse o Alex - pensar grande. E menos ainda a sua qualificação técnica justificaria tanta exposição, não fosse a competente assessoria, o que talvez se explique pela tentativa de que a repetição do conceito possa gerar efeitos em alguns desavisados torcedores (se aparece tanto e muitos a toda hora estão dizendo que ele é um craque, então é porque é mesmo...).
Peço aos amigos que, se for possível, esperem um pouco e deixem para firmar suas convicções e, se for o caso, me contestar depois que se iniciar o campeonato brasileiro e o Robinho venha a enfrentar grandes times. Se ele se sair bem contra alguns dos melhores times do Brasil – nem digo todos, sei que é impossível para qualquer jogador e qualquer time – e se destacar às vezes, mesmo quando o Coritiba como um todo não atuar bem, vou me convencer de que tudo o que penso e o que aqui escrevi foram equívocos e que os meus conhecimentos e visões do futebol, firmados muito mais no saber da experiência de vida do que em conhecimentos teóricos, necessitam atualização. Então, se assim ocorrer, louvarei o Robinho como ele fizer por merecer, sem nenhum problema.
Aliás, torço muito para que assim seja, pois quem tem a ganhar é só o Coritiba.
Marketing eficiente permite que sejam eleitos políticos medíocres e que alguns artistas se tornem ídolos por algum tempo. Mas em se tratando de futebol, não há como construir imagem de algum jogador sem que ele mostre em campo que a merece. Nesta atividade, a do futebol, o craque e o ídolo se fazem por si sós.
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