Bola de Couro
Sou amigo do cônsul do Cazaquistão em Porto Alegre, Ormital Nazarbayev. Sim, amigos, não me perguntem como e porque, mas há um consulado do Cazaquistão em Porto Alegre. No desenvolver de nossa amizade, temos nos encontrado em solenidades e o convidei para aparecer em minha casa quando quisesse (não como fazem os cariocas, que convidam mas não dão o endereço). Tenho procurado situar Nazarbayev nas coisas do Brasil, já que nossas culturas são muito diferentes, inclusive e especialmente sobre nosso futebol, que ele admira muito. Como a imprensa aqui de Porto Alegre lhe dá muitas informações sobre Grêmio e Internacional, trato de dar-lhe notícias sobre o futebol paranaense, notadamente o Coritiba, clube pelo qual ele já torce discretamente, embora ainda faça algumas confusões.
Pois bem. Exatamente hoje, em torno das 19,00 horas, quanto encerrado o atleTIBA que nos tirou a segunda chance do ano de disputar a Copa Libertadores da América, não é que o porteiro do meu edifício anuncia a visita do amigo Ormital Nazarbayev? Estava eu com um misto de revolta pela péssima apresentação do time e de perplexidade por perdermos para uma equipe muito menos qualificada do que a nossa, e, embora não quisesse falar com ninguém, tive que autorizar a subida da ilustre visita.
Recebi Nazarbayev e o conduzi até a sala, onde a TV mostrava os momentos posteriores ao clássico, quando a torcida do rival urrava e vibrava pelo fato de nos ter vencido.
Nazarbayev, já um pouco sabedor das coisas do Coritiba e da rivalidade com o atlético, olhou as imagens e me perguntou:
-Elas (Nazarbayev ainda não aprendeu bem o português e confunde o gênero) forram campeãos (não disse? Ainda não sabe falar corretamente) e por isso fazem tanto festa?
-Não, disse ao amigo, os rubros estão fazendo festa porque nós não conseguimos nos classificar para o maior torneio da América do Sul.
-Ah! Acho que entendi. Elas non deixaram vocês se classificar, mas em consequência elas se classificarron.
-Não, amigo. Eles foram rebaixados, vão deixar a elite do futebol brasileiro e disputar a segunda divisão com times sobre os quais você nunca ouviu falar, tais como Asa, Icasa, Arapiraca e outros.
-Mas então porque estão alegres, perguntou Nazarbayev? Sairram do maior campeonato da Brasil e fazem festa? Eu não entendo esse seu país.
-Pois é, amigo. É que eles têm complexo de inferioridade, que mascaram com aparência de superioridade. Assim, se satisfazem mais com a derrota do adversário do que com as possíveis conquistas próprias.
-Enton elas não torcem parra o próprio time e sim contra o Corritiba? É isso?
-Isso mesmo, amigo. Antes de atleticanos eles, e outros, são anti-Coritiba. Para eles não importa se o seu time vai mal, desde que o Coritiba não vá bem.
-Puxa, mas seu país é mesmo diferrente, afirmou e em seguida continuou:
-Mas você não me disse que sua time foi campeão do Parraná invicta e por antecipacion? E que tem no livro Guiness o recorde do maior número de vitorrias consecutivas da mundo? Non tem uma melhor time? Enton, como puderram perder para uma time de segunda divison?
-Pois é amigo. Futebol tem dessas coisas. Não adianta ser melhor, estar entre os melhores ataques e defesas da competição e alcançar recorde mundial, se na hora “H” o time não define, não assume sua condição de melhor, tal como aconteceu a decisão da Copa do Brasil (Nazarbayev ainda não estava no Brasil na época e tive que explicar o que ocorrera).
-Bem, minha amigo, disse mais uma vez o cazaquistanês, curta sua dor pelo momento, mas lembre que, por tudo o que você me disse, contando a histórria dede 2009, este ano foi positivo. Tratem vocês de se alegrar porque elas vão para a segunda divisão, e porque vocês forram campeões do Parraná invictos e por antecipacion, forram finalistas da tal Copa do Brasil, alcançarron um recorde que todo o mundo ficou conhecendo e estão entre os sete melhorres do país do futebol.
-É amigo Nazarbayev, o que você disse consola, mas aqui no Brasil nunca nos damos por satisfeitos quando não alcançamos metas que estavam logo ali. Bastava um gol inicial, ou dois depois, que estaríamos festejando e eles só se lamentando. Uma pena que, bem hoje, o time jogou sem personalidade, com excesso de autossuficiência e sem bravura. Mas o que fazer a não ser, como dizem aqui, partir para outra (tive que explicar ao amigo cônsul o significado da expressão).
Quando Nazarbayev quis saber quem era “aquela jogador que tem trancinhas e que nada produz”, tratei de mudar de assunto e de abrir um bom vinho e, para distraí-lo, passei a mostrar minhas revistas e livros sobre o Coritiba, enfatizando o quanto somos maiores do que os rubros e assim a noite terminou.
Quando Nazarbayev saiu, ao se despedir me disse: mesmo que você tenha me explicado, não consigo entender como elas (continua a errar o gênero, o estrangeiro, vou ter que ensiná-lo), fizerron festa. Vou voltar outra dia para você me explicar melhor.
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