Bola de Couro
Nos últimos dias o Coritiba esteve e está nas manchetes dos meios de comunicação em razão de fatos lamentáveis e reprováveis dados como atribuídos a empregados e dirigentes, aqueles já demitidos e os últimos ainda formalmente no poder. As matérias publicadas pela mídia em geral, inclusive pelo Coxanautas (que se colocou à disposição para ouvir os envolvidos, mas em vão) trazem afirmações documentadas em redes sociais que não permitem que se possa aceitar que dirigentes com a conduta como a dos que ali se manifestaram possam continuar no Coritiba.
Quem dirige um clube de futebol deve, em primeiro lugar, ter desejo de servir à instituição e ao povo que a integra e não dela se servir. Por mais que o mundo do futebol seja promíscuo, como todos sabem, deve-se esperar dos dirigentes dos clubes – pelo menos do meu eu espero – conduta correta e ética. Não deve haver espaço para deslealdades e menos ainda outros comportamentos desonrosos.
Agora, ante os fatos que não são necessários reproduzir tanto pela sua extensão como porque mostrados publicamente, mantendo conduta republicana e postura de líder o presidente Bacellar anunciou que levará à reunião do Conselho Deliberativo e sua Comissão de Ética pedido de afastamento dos companheiros nos quais não mais confia: “Se fossem funcionários, eu trataria de trocar de funcionário, mas como foram eleitos, só o Conselho de Ética pode punir. Espero que o conselho tenha uma posição firme e saiba agir de maneira correta no caso deles”.
Atitude louvável a do presidente, homem sabidamente honrado e digno, em exigir o afastamento de dirigentes nos quais não mais confia e que confessou que não conhecia quando aceitou a candidatura para o maior cargo do clube: “Eu vou falar por mim, só conhecia o Pedroso. Não conhecia nem o Guerra, nem o Macias, nem o Pierre” (blog da Nadja, edição de 29 último).
Não se diga que se estaria a condenar os envolvidos sem antes ouvi-los, desprezando o princípio da presunção de inocência. Aqui não se trata de condenação criminal, mas sim de condenação social e no mínimo de incontroversa constatação de certeza forte abalo na reputação dos envolvidos, requisito indispensável para o exercício do cargo de dirigente do Coritiba. E de se reconhecer que o afastamento é justificável tão somente pelo fato de que o presidente do clube não pode continuar no cargo máximo se afirma não mais confiar nos envolvidos.
Como nunca aconteceu na centenária história do nosso Coritiba, o futuro do clube está nas mãos do Conselho Deliberativo. O pior dos mundos seria o órgão não prestigiar o Presidente do Conselho Administrativo, deixando de tomar a atitude que ele espera. Mas se aquele conselho falhar, não pensem os envolvidos que com isso teriam a conduta abonada e que ficariam com força dentro do clube, levando a que o Presidente Bacellar renuncie e deixe o campo aberto. Ele já deixou claro, de modo seguro, que se assim ocorrer não renunciará, mas sim administrará somente com quem confia: “Eu sempre trabalhei com gente que posso confiar. Se não posso confiar em alguém, vou isolar (o negrito é meu), mas não posso trabalhar com gente que fala mal de mim pelas costas. Não existindo sinceridade você perde a confiança e perdendo a confiança dos pares de diretoria, é melhor seguir sozinho que mal acompanhado".
É isso, Presidente Bacellar, foi você foi quem deu nome, respeito e comando à chapa vencedora. Não tenha dúvida de que os torcedores, em especial os associados, o estão apoiando. O regime de direção do clube não é estritamente presidencialista, mas predominantemente o é e assim deve ser. E o presidente do Conselho Administrativo não pode trabalhar com companheiros que não tenha como leais.
Estando por atuar em episódio talvez o mais grave da história interna do clube, o Conselho Deliberativo não pode se omitir ou decidir mal. Se o fizer, estará levando o clube – que há muito não vem bem – ao caminho do caos. O Coritiba é muito maior do que todos os homens que por ele passaram ou passam. A reunião do Conselho Deliberativo deve se constituir numa catarse (sinônimo de purgação, purificação ou limpeza) que faça nascer um novo Coritiba. Mas pode também ser o começo de caminho para o seu fim.
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