Bola de Couro
Quando finalizei a coluna de 02 de setembro, intitulada “A forma ou o conteúdo? Segunda parte”, falei sobre o risco da não punição dos envolvidos e a possível punição do denunciante:
“Não se pode agir como Dario III, rei da Pérsia, quando foi informado de que fora derrotado na guerra contra Alexandre da Macedônia. Não gostou da mensagem e por isso mandou matar o mensageiro que lhe trouxe a notícia”.
Na última coluna, “O julgamento dos indomáveis”, fui alertado por um leitor de que cometera um erro de redação, pois no corpo do texto escrevera “os intocáveis” em lugar do nome pelo qual ficaram conhecidos. Editei a coluna e corrigi, o que, vejo agora, não era necessário.
Premonição no primeiro caso e ato falho do subconsciente no segundo, sem dúvida.
A decisão do conselho deliberativo de ontem, pelos votos da minoria que não permitiu a maioria qualificada necessária para exemplar punição dos maus coritibanos envolvidos no episódio, foi lamentável, leniente, frouxa e conivente.
Não pelo voto da maioria dos bons coritibanos integrantes do conselho, que infelizmente não foi suficiente, fique claro. Estes agiram bem. Mas pelos tantos que votaram contrariamente e mais ainda pelos que se abstiveram de modo pusilânime (quais as razões para comparecerem à reunião se não iriam votar? Apenas assistir à sessão? Ou medo e vergonha de votar publicamente? Lembre-se que a abstenção ao fim e ao cabo resultou em absolvição por não permitir a maioria qualificada).
A renúncia posterior do principal envolvido lembra a do Collor, quando do seu impeachment. Mas o Senado mesmo assim o julgou e declarou inelegível por oito anos. No caso do Coritiba, o ato de renúncia, que caracteriza admissão indireta da culpa pelo mal feito, não acarreta inelegibilidade e não obstará a que logo ali o renunciante se candidate novamente. Como ainda não vi tudo neste mundo, apesar da minha idade, não me espantarei se um dia ele e outros voltarem ”nos braços do povo”?
Triste o que aconteceu. Se o nome do Coritiba foi denegrido e levado à chacota pelo episódio dos “intocáveis” (agora não errei a redação), que se dirá agora? A revolta e desânimo entre os torcedores é praticamente unânime. Muitos anunciando que deixarão a condição de sócios, outros que não mais acompanharão o clube. Todos muito desanimados e envergonhados.
Eu mesmo, não fosse a emoção ser má conselheira, revoltado em um primeiro momento tive vontade de renunciar à condição honorífica de cônsul e até da de sócio. Mas não vou fazê-lo. Primeiro porque no bem ou no mal sou coritibano e jamais abdicarei dessa condição. E segundo porque espero, é o que me sobra, que o episódio sirva para reflexão e catarse dos bons coritibanos, que são muitos, e que os envolvidos, se não o foram ontem, que pelo voto sejam banidos da vida do clube.
Pelo menos o resultado contém uma pena moral aos agora “intocáveis”. A maioria qualificada não foi alcançada, mas a maioria expressiva, mesmo que insuficiente, mostrou reprovação aos atos e queria a punição dos envolvidos. Que vistam a carapuça e se exilem.
Este foi um péssimo ano para o Coritiba, com um final catastrófico em termos institucionais. Esperemos o que nos reserva o próximo ano.
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