Bola de Couro
As três vitórias consecutivas que tivemos – fato que há muito não ocorria – devem ser creditadas a algumas circunstâncias fundamentais, todas ligadas entre si.
O primeiro fator é o equilíbrio tático dado à equipe pelo técnico iniciante Marquinhos Santos, que tem agido com inteligência montando o time de modo a dar preferência para a armação em relação à marcação. Sem dúvida bem marcar é fundamental em um jogo de futebol, mas se dedicar a tal tarefa preferencialmente abre mais caminho para a derrota ou o empate do que para a vitória. Desde que assumiu Marquinhos Santos não vem jogando com três volantes, salvo ao final dos jogos quando está com o placar favorável e necessita reforçar a marcação, tal como ocorreu contra o Bahia com a entrada do Chico.
O segundo fator, que sem dúvida está ligado ao primeiro, pois a iniciativa foi do Marquinhos Santos, é o ingresso e manutenção no time dos promissores meninos que esperavam passagem.
Lucas Claro, que já vinha entrando de vez em quando desde o começo do ano foi perfeito contra o Palmeiras e também contra o Bahia, inclusive fazendo o seu primeiro gol no time profissional do Coritiba.
É promissora a presença do Thiago Primão que, embora venha entrando somente na segunda terça parte dos jogos, no jogo contra o Bahia mostrou, em poucos minutos, que em breve poderá merecer lugar definitivo no time. Jogou muito bem, assim como o Vítor Ferraz que a cada jogo mostra que é melhor do que o Ayrton.
Mas dentre os meninos o que mais impressiona é o Denis Neves. Onde estava escondida essa joia? Por que não era aproveitado antes? Está a anos-luz de distância do limitado Eltinho, aos poucos felizmente esquecido. Ele luta pela posse de bola sem desânimo, desarma bem e arma muito bem. É definitivamente o ala esquerdo do time. Espero que não esteja ligado a empresários e que o seu contrato com o clube seja com prazo longo.
E olhem que os meninos entraram na equipe quando vivíamos uma crise, estávamos colocados nas proximidades da zona de rebaixamento, situação que aos olhos de alguns exigiria que jogadores experientes tentassem mudar a situação. Os jovens, talvez alguns pensassem, não estariam preparados psicologicamente para entrar em momento crítico. Qual nada. Eles entraram com personalidade, mostrando não só bom futebol, mas também muita disposição e a frieza necessária para enfrentar jogos ditos de “seis pontos”.
Outro fator foi o equilíbrio que a equipe vem mostrando nos minutos finais dos últimos jogos. Quando o placar nos é favorável o time não mais se retrai muito, procura manter a bola rodando no ataque e sabe “matar o tempo”, inclusive com substituições ainda que desnecessárias ou tecnicamente inúteis – mas para o efeito de segurar os resultados úteis – como foi tem sido a entrada do Marcel nos últimos minutos. Já estava na hora de parar de empatar ou perder jogos em que estava à frente do placar e tomavámos gol do adversário nos últimos dez ou cinco minutos.
Finalmente, o acerto da contratação do Deivid. Ele joga mal, erra passes e perde gols. Mas não importa, FAZ GOLS, objetivo que os demais supostos atacantes que temos não alcançavam, pois jogavam mal, erravam passes e perdiam gols, mas nunca compensavam com a feitura de algum, especialmente gols decisivos com os do Deivid.
Para encaminhar o encerramento do texto com justiça, não dá para esquecer-se de referir a atuação do Rafinha contra o Bahia. Agudo no ataque, voltando para marcar quando necessário, entortando os marcadores e contido no comportamento que às vezes leva a que receba cartões amarelos. Na minha visão, foi o melhor em campo, embora todo o time na média tenha se conduzido bem.
Dificilmente alcançaremos algo mais no campeonato do que o não rebaixamento ou talvez uma classificação para a Copa Sul Americana. Para a expectativa que se tinha do final do ano passado para este, será pouco. Mas para o que se temia até a pouco tempo, um novo e desta vez catastrófico rebaixamento, está sendo muito. Ainda não dá para já sentir alívio total, um passo de cada vez, mas que as coisas estão se encaminhando bem, estão. Aguardemos com confiança, de olho em outra postura em 2013.
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