Bola de Couro
Após o bom resultado contra o Vasco da Gama em São Januário, ontem o Coritiba passou aos seus torcedores a esperança de que podem ter confiança na recuperação da equipe e no elenco – parte dele, sem dúvida, descontadas as más contratações já apontadas aqui – e na Comissão Técnica.
Houve evidentes progressos na equipe, ainda que alguns queiram tirar parte dos méritos em face de deficiência do Cruzeiro, mas tal progresso passou por alguns fatores que quero aqui lançar para o debate entre os amigos.
Primeiro, a reconsideração do Marcelo Oliveira que implicitamente mostrou que errou quando sacou Everton Ribeiro de jogos anteriores. Everton, o Ribeiro, é claro, já foi e está sendo fundamental para o bom desenvolvimento do time, que toca a bola com mais rapidez e acertos quando ele está em campo, tal como se viu ontem. O passe dado da nossa intermediária para o rápido avanço do Rafinha e do Anderson Aquino foi um dos grandes momentos do futebol, lembrando figuras legendárias como Gerson, Rivelino, Zico e outros.
Depois, foi importante o retorno do Rafinha que, embora ainda não com o futebol que pode apresentar, mostrou-se decisivo na movimentação e consequente desorientação da defesa adversária.
E mais, sem dúvida a participação do Escudero está sendo fundamental não só para aumentar a segurança da defesa, como para demonstrar que temos um forte líder em campo. Aliás, liderança exercida com elegância, sem afrontar o árbitro de modo espalhafatoso, de modo que ao que tudo indica temos um novo “comandante” na zaga. Como conciliar a escalação dele e do Emerson ao mesmo tempo, pergunta o colega Honório, já que ambos são canhotos? Não tenho a ousadia de sugerir solução, mas sempre fui adepto de que os melhores, os craques, ainda que um ou outro deslocado de sua posição original, devem compor o time. Aos mais antigos puxo a lembrança da Copa do Mundo de 1970, onde nem todos jogaram em suas posições de origem nos clubes, mas foram colocados em campo os melhores dentre os convocados, sendo até hoje lembrada aquela seleção como a que melhor compusemos.
E o Airton, já disse aqui, foi a melhor contratação deste ano. Já se fala aqui em Porto Alegre que o Internacional estaria tentando contratá-lo, razão pela qual é importante que, se os seus direitos federativos estiverem fixados em valor razoável, tratemos de ficar com ele em definitivo. A segunda falta que bateu e que redundou no nosso segundo gol foi de uma beleza ímpar e foi e está repercutindo em programas esportivos daqui. Certamente no restante do Brasil também.
Por outro lado, se estivemos por algum tempo preocupados, não sem alguma dose de razão, com o que parecia passividade da direção, ela está concorrendo para a retomada parcial de sucesso da equipe e para uma nova visão de perspectiva (claro, nada de açodamentos, ainda falta algo mais para alcançar melhores posições, mas o caminho já se vê algo aberto). Em poucos dias tivemos a boa notícia, além da contratação do Escudero, da manutenção do Rafinha e da chegada do peruano Ruidiaz. Quanto a este, confesso que desconheço seu passado e qualificação, mas espero - não tenho porque duvidar - que desta vez tenha sido uma contratação acertada. Com a sua chegada se justifica a negociação do Leonardo com o Atlético original, de modo a ingressar algum dinheiro em nossos combalidos cofres e aliviar um pouco nosso departamento médico.
Enfim, se a direção estava adormecida, sem dúvida acordou em tempo. Se não estava e trabalhava silenciosamente, de forma gradual e segura, e ainda nos brindará com algo mais (vejam o que afirma o Airton Cordeiro na sua coluna de hoje na Gazeta do Povo), será o caso de um “mea culpa”, daqueles que em algum momento ou outro dela duvidaram. Eu me incluirei parcialmente nesse “mea culpa”, uma vez que desde a goleada sofrida contra a Ponte Preta iniciei um lento e progressivo processo de preocupação manifestado em colunas. Por cautela ainda prefiro esperar mais um pouco, como esperei quando os resultados negativos começaram a aparecer, mas sem dúvida novo sentimento de esperança voltou.
E não nos esqueçamos da Copa Sul-Americana que, além de garantir vaga para futura Copa Libertadores da América, é conquista continental e só por isso importante. A imprensa de Porto Alegre está noticiando que o Grêmio irá jogar completo e focado contra nós, não poupando ninguém para o Grenal de domingo, ressaltando sua direção que vê como muito importante alcançar o título da mesma copa. Vamos com o mesmo espírito, tratando de reverter o mau resultado sofrido na capital gaúcha, o que em tese é possível e provável.
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