Bola de Couro
Só pude assistir ao jogo do Coritiba contra o Operário a partir do segundo tempo. Por isso, a apreciação que lanço aqui tem suas limitações ao que vi nos quarenta e oito minutos da segunda etapa.
E dentro do que vi, quero destacar alguns pontos que me pareceram marcantes.
Primeiro, refiro-me ao Alex. É o nosso craque, talvez o único a merecer tal qualificação se aplicarmos com rigor o conceito em contexto nacional e internacional. Fez um belo gol em jogada que contou com a importante participação do Robinho e protagonizou um lance que, se acontecesse em jogo do campeonato brasileiro, seria destaque na mídia. O chapéu que deu no Adoniran com o ombro foi antológico, embora se tratasse de lance isolado. Isso sem contar os tantos passes que fez no decorrer da partida, sendo sem dúvida o melhor do jogo. Terminado a partida, em entrevista ao PFC vi e ouvi um Alex desolado, deixando clara sua insatisfação com o coletivo – ele usou esta expressão – e a falta de atenção do time. Perguntado sobre se entendia como fato marcante a feitura do seu primeiro gol no Couto Pereira depois do seu retorno, respondeu com altivez que, em razão do mau resultado da partida, de pouco importava o tento que marcou. Conduta perfeita, que demonstra atitude de líder consciente. Imagino o que deve o Alex pensar e dizer intramuros, pois certamente quando de entrevistas se contém para não desmerecer seus colegas.
Pobre do Alex.
A segunda observação é no tocante ao RuyDiaz. Mais uma vez entrou em campo e nada produziu. E para mostrar como é grande o contraste em relação ao modo como o Alex trata a bola, recebeu deste um lançamento alto e quando foi matar aquela a chutou contra o próprio rosto! O lance foi à intermediária, perto da lateral, talvez passando despercebido por alguns e não ocasionando prejuízo direto ao time, mas serviu para deixar claras as limitações do peruano. O gol que perdeu talvez se pudesse debitar às circunstâncias do futebol. Mas pelo que nunca jogou o RuyDiaz não tinha o direito de deixar de fazer o gol que perdeu. E joga na seleção peruana?
É pobre esse futebol peruano.
E por fim encerro com o que senti ante a entrada do Júnior Urso, talvez o ponto mais controvertido do jogo. O técnico errou marcantemente ao colocá-lo em campo. Estava o Coritiba ganhando apertado, mas mantinha a posse de bola e de vez em quando atacava, podendo a qualquer momento decidir o jogo com outro gol. Entrou o Júnior Urso e o que inconscientemente muitos dos seus colegas devem ter pensado? Vamos tratar de segurar o jogo. Se o Júnior Urso entrou, é porque devemos nos defender. Deve ser isso que o técnico quer, devem ter pensado alguns. E para não deixar dúvida sobre quem é, logo que entrou tratou o Júnior Urso de perder bisonhamente uma bola na intermediária, obrigando-se a correr desesperadamente atrás do atacante para desarmá-lo dentro da área. Ouvi o Marquinhos Santos louvar esse desarme, se esquecendo de que o indigitado só tratou de corrigir o próprio erro. Se ele vai entrar no time porque tem o melhor preparo físico da equipe, como deu a entender o Marquinhos, então vamos tratar de buscar um triatleta, ou um corredor olímpico ou um grande nadador, que talvez dê no mesmo.
Pobre Urso, pobre do Coritiba.
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