Bola de Couro
A derrota do Coritiba ontem não deve ser motivo para muita preocupação, salvo as que já conhecemos.
Tratou-se de um jogo totalmente atípico em face das condições do gramado, absolutamente impróprio para a prática do jogo que, suponho, tenha sido autorizado pelo árbitro tão somente em face do apertadíssimo calendário do futebol brasileiro.
Dirão alguns que as condições do gramado eram ruins para ambos os times. Concordo, mas não podemos esquecer que mesmo que fosse outra a situação, enfrentar o Grêmio em Porto Alegre sempre foi muito difícil para nós, tanto que estamos há dezesseis anos sem vencê-lo aqui (em 1996, com dois gols de cabeça dos baixinhos Pachequinho e Basílio, eu estava lá). Já está na hora de quebrar esse tabu, mas quem sabe no jogo do segundo turno do campeonato brasileiro conseguiremos. Afinal, como dizia o guru da autoajuda Renê Simões, quanto mais tempo um time está sem perder, mais próximo está de ser derrotado.
Mesmo assim, é certo que poderíamos ter rendido um pouco mais e talvez alcançado um empate ou até uma vitória. Talvez, mas com menor probabilidade, pois pouco atacamos e alguns dos nossos cometeram o erro de tentar trocar bolas rasteiras, quando a maioria delas foi perdida por parar na água do meio do caminho. Depois, se o Marcelo Oliveira acertou ao não entrar em campo com Robinho e Lincoln, jogadores leves e de toque de bola, conduta impossível naquele gramado, por outro errou ao colocar em campo o Everton Ribeiro que tem as mesmas características daqueles e jogou muito pouco.
Era um jogo para trocar bolas pelo alto – o que não é a mesma coisa do que dar chutões para o alto como fez o Demerson – e tentar chutar em gol de qualquer modo, uma vez que com toda aquela chuva era possível que o goleiro adversário falhasse como muitas vezes acontece em partidas em tais condições.
A situação de ontem foi tão atípica, que um grande destaque do Coritiba foi o Júnior Urso, vejam só.
Não atípico, pois infelizmente sempre joga assim, foi o Everton Costa terminar a partida sem realizar nenhuma jogada produtiva e ainda ser o atleta que mais cometeu faltas! Será que ele não vê que de tanto cometê-las, na pretensão de fazer o “pivô” (que não sabe fazer), já está ficando manjado pela arbitragem? Também não atípico, pois seu futebol é do mesmo tamanho no seco ou no molhado foi o Roberto, outro que não viu que passes longos rasteiros eram impossíveis no jogo e que mais uma vez, dentre tantas ocasiões, não chutou em gol. Mas, como dizem os homens das lides campeiras, “cachorro comedor de ovelha, só matando”.
Um valor mostrou que sua contratação foi um dos acertos – poucos, talvez? – do atual departamento de futebol. Refiro-me ao Aírton, que ontem foi quem disparadamente melhor se apresentou pelo Coritiba, confirmando que sua boa partida no jogo anterior contra o Grêmio não foi atuação isolada. Outro que também jogou bem foi o Gil, e os demais ficaram no conceito de razoáveis.
Lamentável, e as condições do gramado podem ter propiciado o fato, foi Emerson ter sofrido lesão, que espero não tenha sido grave e permita que volte logo, pois se nossa defesa já é a mais vazada do campeonato, sem ele o risco é maior. Aliás, por falar em defesa, como estamos tomando gols pelo alto por erros de marcação ou não saída do goleiro. Ontem o Demerson estava atrás do André Lima quando ele cabeceou, quando se sabe que o zagueiro deve tentar ficar ao lado do atacante para, se necessário, se antecipar. E o Vanderlei, embora incensurável pelas grandes defesas que tem feito, ontem poderia ter dado sua colaboração e saído para cortar a bola que caiu na pequena área.
O jogo de ontem mostrou que, além de algum reforço no plantel que a diretoria deve providenciar – atenção, reforço não é mera reposição – é necessário que alguns jogadores se conscientizem de suas limitações e procurem se superar. Fundamental ainda que o Marcelo Oliveira – do qual sou admirador, mas jamais irrestrito – perca o hábito de às vezes jogar visando antes não perder. Não tenho dúvida de que ele quer ganhar todos os jogos, como se isso fosse possível, mas às vezes me parece que se assusta por demais com o adversário e, repito, pensa antes em não perder. Ontem foi incompreensível colocar Willian em campo mantendo os outros três volantes, de modo a que dali em diante ficamos sem ninguém para armar ataques. Se Lincoln e Robinho não eram os indicados para o jogo, como sustentei antes, não podemos esquecer que Thiago Primão estava no banco.
Enfim, para o que apresentou o Coritiba não merecia melhor sorte, mas também pelas condições do jogo não podemos sair a dizer que o time é péssimo, assim como não devemos dizer que é excelente quando empata com o Bahia e ganha do Náutico. Vamos com calma, nem tanto ao mar e nem tanto a terra. Temos que tratar de subir na classificação do campeonato brasileiro, preferencialmente dois degraus a cada um que descermos, mas mantendo o foco na Sul Americana, competição que em princípio parece de segunda categoria, mas que ao final premia o vencedor com o título de campeão da América do Sul e dá uma vaga para o torneio que pode permitir chegar a uma final mundial. Como disse o sempre ponderado Ricardo Honório, dá para reverter o resultado de ontem e avançar.
Finalizando, para não me entregar para os gaúchos estou dizendo por aqui que perdemos porque nosso time é muito técnico e não sabe jogar polo aquático...
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