Bola de Couro
Um relato inicial, antes de entrar na análise do jogo de domingo, necessário em face das dezenas de amigos que manifestaram solidariedade para com a minha iniciativa de acionar o Procon de Porto Alegre em razão do tratamento que o Internacional anunciava que daria à torcida do Coritiba, praticando preços diferentes para o mesmo setor do estádio.
Logo após, não sei se por notificado pelo Procon ou pela repercussão por uma parte da imprensa local, por telefone ou email a ouvidoria do Internacional passou a afirmar que nos colocaria nas cadeiras superiores, como realmente colocou, sustentando que a notícia de que ficaríamos em um “cantinho” na inferior decorreria de “desatualização” do site, mas que manteria o preço, como efetivamente manteve, pois então haveria tratamento isonômico.
Mas mesmo aceitando a alegação de que o site de um clube campeão do mundo não se atualiza, a atitude do Internacional continuou a não afastar infração ao Código do Consumidor e ao Estatuto do Torcedor. Ao primeiro porque o inciso III, do artigo 6º daquele diploma prevê como direito do consumidor receber “informação adequada e clara sobre...serviços” , bem como o artigo 31 da mesma lei refere que “a oferta e apresentação de produtos e serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas...”. E ao segundo principalmente porque, embora nos colocasse na arquibancada superior, ainda assim continuou a cobrar R$ 100,00 para os visitantes enquanto para os torcedores do colorados sócios a mesma arquibancada custou R$ 25,00 e para os não-sócios R$ 50,00, mantendo-se a mesma afronta ao § 1º, do artigo 24, do Estatuto do Torcedor, tal como apontado na representação que ofereci e que já foi objeto de notícia nos Coxanautas. Aguardo resposta do Procon.
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Sobre o jogo, embora tenha me desgastado muito em razão do gol sofrido no primeiro minuto, da pressão que o Internacional exerceu, da chuva a que fui submetido nas caras cadeiras descobertas e do nervosismo antes da cobrança do pênalti, estou satisfeito com o resultado.
Empatar fora de casa com equipe de grande porte, como reconhecidamente é o Internacional, sempre é um bom resultado. Conseguir o empate depois de ter os ânimos fragilizados por um gol sofrido quando as luzes ainda se acendiam e em decorrência de uma falha gritante do sempre bravo Leandro Donizete – atenção, nada de crucificá-lo, é um grande jogador e todos os grandes jogadores um dia falham – foi demonstração de equilíbrio psicológico e amadurecimento.
E, se ainda estamos marcando passo na alternância entre a 8ª e 10ª posições, a atitude da equipe pareceu mostrar que é possível um razoável avanço na competição, ainda que seja pelo fato “sobrenatural do Almeida” de que falava o saudoso Nélson Rodrigues (quem, por jovem, nunca leu suas crônicas sobre futebol, procure conhecer que não vai se arrepender). Digo isso pois finalmente não foram as nossas bolas na trave que não entraram e o azar não nos perseguiu, a sorte finalmente esteve do nosso lado, ao contrário de outros jogos em que dominamos, chutamos na trave, perdemos gols feitos e tomamos gols inesperados. Estou com o palpite de que os ventos vão mudar. Já sei, alguns irão dizer, mas só palpite, só sorte? Não amigos, não só palpite e nem só sorte, pois a equipe é boa e tem potencial. Mas também palpite sim, pois em futebol o imponderável e a sorte muitas vezes atuam decisivamente. Ou algum leitor pode dizer que, por mais racional que seja não tem alguma superstição ligada ao futebol? Claro que temos que fazer nossa parte, tal como vem de Roma antiga o provérbio “à audácia, a fortuna ajuda”.
E me entusiasmei também com a nossa zaga, através do sempre eficiente Emérson e da grata revelação Luccas Claro. Jogaram tanto, que a certo momento do jogo pensei que minha vista cansada me traia e o tão badalado Leandro Damião não estava em campo.
Para concluir esses pensamentos, hoje um tanto dispersos, não posso cometer a injustiça de deixar de louvar o Vanderlei. Não só o grande Vanderlei que defendeu um pênalti muito bem cobrado (defender quando é mal cobrado não é tão difícil), como o Vanderlei que eu, colocado atrás do gol que defendeu na segunda etapa, vi vibrando como um verdadeiro torcedor não só quando do nosso gol como quando a zaga aliviava pressão do adversário. Goleiro deve ser frio, dizem alguns. Concordo, mas em parte. Frio na atuação, não se deixando trair pelo nervosismo. Mas dá para ser frio em tal sentido e ao mesmo tempo vibrante e caloroso como se torcedor na arquibancada fosse. Comprometimento é isso.
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Uma informação, sem considerações, pois o fato fala por si só. Ontem, dois rapazes torcedores do Coritiba, que como eu chegaram cedo ao estádio, colocaram suas bandeiras do Coritiba – do clube – na grade da arquibancada. Quando a IAV chegou, um pouco antes da partida começar, um deles foi convidado a retirar a sua bandeira do Coritiba para que a grande faixa da torcida organizada – não a do clube - tomasse o espaço.
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