Bola de Couro
Dizem alguns que o empate no jogo de ontem contra o Bahia foi um bom resultado.
Afinal, foi um jogo fora de casa, saímos perdendo por 2x0 e conseguimos igualar o placar, desperdiçando, assim como eles, boas chances de voltar com uma vitória que poderia ser o início de redenção.
Sim, teria sido, fosse outro o contexto que vivêssemos, qual seja a preocupante situação de um time que há oito partidas não vence, dentre elas três jogadas em casa e que, atenção para o ponto, se estava preocupando pela inoperância dos atacantes, agora começou a assustar pela facilidade com que a defesa toma gols.
Estamos fora da chamada “zona de rebaixamento” por apenas um detalhe – maior número de gols marcados do que a Portuguesa, time da segunda divisão do campeonato estadual de São Paulo. Temos o quinto maior número de gols marcados, paradoxalmente a minoria por atacantes, mas ao mesmo tempo a nossa defesa é a que mais gols sofreu dentre todos os vinte participantes. Mais do que o próprio Atlético-GO!
Com este quadro, qualquer descuido poderá ser fatal e abalar seriamente o trabalho que a atual diretoria planejou e vem executando para o nosso Coritiba. Um novo rebaixamento seria mortal, impensável.
Se não vencemos em casa partidas onde teoricamente nos apresentávamos como favoritos – Botafogo, Sport e Palmeiras (este principalmente por vir nos enfrentar com uma formação desfalcadíssima) e se fora do Couto Pereira apenas conseguimos dois pontos ganhos em dezoito disputados, mudanças são necessárias, pois do contrário a tendência infelizmente será a de passarmos todo o campeonato brasileiro tentando sair ou não se aproximar da zona do rebaixamento.
E qual seria essa mudança radical? Sinceramente já não sei bem o que dizer além de reafirmar o que lancei nas duas últimas colunas. A composição do elenco para este ano foi mal feita e a gerência ou departamento de futebol não soube contratar. O problema principal, embora alguns entendam que seria o técnico, o que respeito embora discorde em termos, mas aceito que ele também erra (como errou ontem ao deixar no banco o Ayrton), o principal, repito, é a má qualificação do elenco.
Não é possível entender que o clube que já tinha atletas não muito confiáveis – Jonas, Eltinho, Emerson Santos, Júnior Urso, Roberto, Everton Costa e Marcel, para referir apenas aqueles em relação aos quais há quase unanimidade – pense que está recompondo o elenco com Chico, França, Robinho, Leonardo e outros sobre os quais ainda nada se sabe, pois ainda não jogaram.
Com maus jogadores, raros técnicos podem se sair bem. Obrigam-se a formar esquema defensivo e a tentar se aproveitar de erros do adversário, pois do contrário nada alcançam de positivo (são honrosas exceções, cujo exemplo clássico é o do Felipão com o Palmeiras). Mas com bons jogadores, basta um técnico que não invente e não atrapalhe. Os boleiros se entendem em campo e conseguem eles mesmos mudar o curso de um jogo.
A história do futebol está repleta de exemplos a respeito. A seleção brasileira de 1970, que talvez a maioria dos amigos não tenha visto jogar, quase só tinha craques na mais pura compreensão do termo, Pelé, Gerson, Carlos Alberto, Rivelino e outros tantos. Alguém acredita que o seu sucesso se deveu ao incipiente Zagallo, que começava carreira de treinador e foi chamado a ultima hora para o comando? O Flamengo campeão do mundo com Zico, Júnior, Adílio e outros a mesma coisa. Tinha um técnico iniciante, mas com tantos craques bastou ele não inventar (como fez no Coritiba...) para ter sucesso. E muitos outros exemplos poderiam ser dados.
Mas e agora? A solução sem dúvida seria a contratação de dois ou três jogadores bem mais qualificados do que a grande maioria que temos. Mas como e o que fazer se a direção diz não dispor de dinheiro para novas contratações (embora, repito o que disse em coluna anterior, somado o gasto com Chico, Robinho “et alii” poderíamos ter trazido pelo menos um jogador diferenciado)?
Sinto-me sem respostas, e espero que nossa direção logo as apresente. Ela, a direção, merece nossa confiança pelo muito que já fez. Isso deve ser sempre reconhecido e jamais negado. Foram homens que, sob a liderança do Vilson Andrade, assumiram um Coritiba execrado, humilhado e sem forças e o refundaram. Mas nem por isso, considerando a dinâmica do futebol, estão imunes a críticas. Ainda há tempo para que algo seja feito. A solução este modesto escriba, mais torcedor do que conhecedor de futebol, não se atreve a palpitar, deixa para os mais entendidos.
Fui ao site para postar estar coluna e voltei quando vi a notícia da saída, a pedido, do Vice-Presidente de Futebol Ernesto Pedroso. Espero – sem nada especular a respeito pois de nada sei – que se trate de uma mudança decorrente de novo direcionamento estratégico para o clube. Não se muda uma administração tão somente para mudar e ficar tudo como está. Confio na liderança e qualificação administrativa do Presidente Vilson para que comande a reação da instituição. Afinal, administrar um clube de futebol é tarefa extremamente difícil e delicada, e o dirigente pode dormir com os louros da vitória mas se sobre eles se mantiver deitado pode acordar com os escombros da derrota. A sabedoria está em antever tais momentos e agir em tempo. O que espero com todo ardor de Coritibano que vive seu amor pelo clube há mais de cinquenta décadas.
Sou sócio, ajudo a construir o meu Coritiba.
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