Bola de Couro
Mais uma apresentação melancólica, pífia, medíocre, enfim com outros tantos qualificativos negativos que os amigos queiram dar, exceto o de decepcionante, pois se o time há muito pouco tem a oferecer, pouco tem também a decepcionar.
Como é da essência da nossa passionalidade como torcedores, cada um de nós está procurando ou apontando culpados, não só hoje, mas há algum tempo. Para uns a responsabilidade pela má campanha seria da direção, para outros da superintendência de futebol, outros mais do técnico e outros tantos do fraco elenco. Como nas vitórias nunca cabe somente a um o reconhecimento pelo bom resultado, nas vitórias também, ou seja, a responsabilidade por elas, salvo exceções, sempre decorre de uma série de fatores, embora um possa ter mais influência do que outros.
Muitos já falaram, estão falando e falarão sobre o jogo, sobre os erros de contratação, sobre o técnico e sobre o pobre elenco de que dispomos. Não vou me estender sobre isso hoje, já que certamente várias e melhores vozes dirão a respeito (e até porque neste momento nem sei o que falar em termos propositivos), mas apenas vou me referir sobre duas circunstâncias do jogo de hoje.
Primeiro o Vanderlei. Até tu, Vanderlei? Reclamava-se que não saia do gol nas bolas alçadas na pequena área, a maioria das quais deve ser tirada pelo o goleiro, e hoje você sai daquele jeito propiciando o primeiro gol do Botafogo? Eu sei, você foi bem em seguida ao segurar o pênalti, ótimo, mas no segundo gol você não falhou um pouquinho também? Não se preocupe ainda, você é um dos raros do time que continua com bom crédito junto à torcida, mas trate de ter mais atenção e treinar. Cuidado para que a má técnica de muitos dos teus colegas não te contamine.
E em segundo lugar me refiro em especial ao Anderson Aquino, que entrou em substituição àquele moço que assistia privilegiadamente ao jogo de dentro do campo com a camisa 31, cuja atuação foi emblemática para mostrar o que vivemos.
Novamente, tal como ocorrera no jogo contra o Vasco da Gama, o Anderson Aquino perdeu de modo ridículo um gol, desta vez por querer fazê-lo bonito, com um toquinho, como se fosse um Romário, prática que é reiterada. E ainda saiu rindo do lance! Aliás, lance parecido ocorreu com o Everton Costa no jogo contra o Atlético original, quando recebeu um passe daqueles chamados de “açucarados” e dentre todas as possibilidades que tinha quis tentar a mais difícil, mas que seria a mais bonita, perdendo o gol que talvez mudasse o resultado da partida. Mas pelo menos não saiu rindo como fez o nosso aprendiz de Romário fez hoje.
Pior do que um mau jogador é um mau jogador que pensa que é bom. Júnior Urso e Eltinho, por exemplo, que no meu entender sempre estarão em uma lista dos “tops” entre os nossos piores jogadores, pelo menos sabem que não são craques, não tentam firulas e procuram compensar com esforço suas deficiências, embora quase sempre em vão, pois de onde menos se espera é que dificilmente sairá algo de bom.
Mas o Anderson Aquino, e não digo isso pelo gol perdido hoje, pois assim observo há tempo, tenho a convicção de que ele acredita piamente que é um craque. Fazer gol feio? Melhor não fazer, ora. Perder um gol que poderia figurar entre os mais bonitos da rodada ou fazer o gol de qualquer modo? Claro que a primeira hipótese, craque tem que manter o seu nível técnico...
Que saudades do Dario, o Dadá Maravilha, que dizia, “não existe gol feio, feio é não fazer o gol”.
Mas não quero ser injusto com o nosso atacante, dando-lhe o benefício da dúvida. Logo após perder o gol, enquanto riu ele olhou para o gramado, como se o culpando. Quem sabe aquela formiga que o fez tropeçar no jogo contra o Vasco da Gama em São Januário estava no Engenhão? Ou seria outro o formigueiro? Mas que praga é essa que está infestando os gramados cariocas e prejudicando o Coritiba, em especial o lépido e faceiro Anderson Aquino? Não será o caso de pedir providências à Secretaria da Saúde do RJ para exterminar as formigas dos estádios?
Como devem ter percebido, mais uma vez dentre poucas não quis esperar o meu ânimo serenar para postar uma coluna redigida com a ponderação que sempre procuro manter. Manifestar-se sob o domínio da emoção quase nunca é bom, mas às vezes serve pelo menos como terapia para amenizar o medo.
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