Bola de Couro
Ao final dos jogos de futebol os comentaristas têm por hábito escolher o melhor jogador em campo. Em alguns jogos a escolha é fácil, torna-se unânime uma vez que um craque despontou e se destacou com clareza como o bom nome do jogo. Em outros há controvérsias, pois mais de um atleta se apresentou bem é se mostrou decisivo para o bom resultado da equipe. Às vezes, embora possa parecer contraditório, o escolhido é da equipe derrotada, a qual vendeu caro o resultado e aquele atleta foi o destaque. Em outras, raras mas existem, o escolhido é o técnico que com alterações táticas no curso do jogo mudou o resultado de modo que se evidencia que foram suas providências as determinantes para o sucesso coletivo.
Em outras ocasiões alguns jogadores se destacam tão negativamente que os comentaristas esportivos – nem sempre, mas algumas vezes – resolvem também escolher o pior em campo. Essa tarefa não é tão difícil quanto a de escolher o melhor, pois no futebol de hoje as mediocridades se destacam com mais facilidade do que as qualidades positivas.
Mas hoje, depois de assistir à lamentável apresentação (?) do Coritiba contra o Figueirense estou a quebrar a cabeça para definir quem foi o pior em campo e não consigo chegar a uma conclusão. Foi o coletivo, ou seja, o comando, que não engrenou em nenhum momento? Foi a defesa que aumentou a média de gols sofridos para 2,055 por partida? Foram os alas que levaram inúmeras bolas nas costas e não subiram e nem cruzaram? E se cruzassem, para quem? Foram os volantes que não souberam combater? A propósito, Willian realmente era um excelente reserva para o Leandro Donizete ou o Léo Gago, nada mais. Retomando, teria sido Robinho que nem vibração apresentou? Ou Rafinha que só nos últimos minutos tentou jogar um pouco, mas em vão? Ou Rafael Silva que ainda não deixou de ser uma promessa? E o Everton Ribeiro de hoje, que não foi nem de longe o mesmo de outros jogos? Ou o pior em campo era o aparente desinteresse de todos os atletas? Pereira? Júnior Urso? Anderson Aquino? Os que eu não citei não foi porque se saíram bem, mas sim para não tornar muito extensa e cansativa a relação. Ninguém foi bem, não houve exceção, salvo talvez o Vanderlei que não teve culpa nos gols que sofreu e evitou um gol quase certo.
Ajudem-me, amigos. Não sei explicar como um time que foi tricampeão estadual, que chegou às finais da Copa do Brasil, que por detalhe não avançou na Copa SulAmericana e que há poucos dias goleou o Cruzeiro, agora levou um verdadeiro baile do pior time do campeonato (sim, até um rápido “olé” eles deram) e ressuscitou um quase-morto sem tentar ou na verdade por parte de alguns sem até querer tentar esboçar reação efetiva.
Foi um dia de inferno astral? Mas dias assim vêm se repetindo, ora porque o adversário é muito forte, ora porque a arbitragem interferiu, ora porque tivemos desfalques, ora porque choveu muito, ora porque foi ressaca da perda da Copa da Libertadores, ora porque seria pela desclassificação na SulAmericana, ora porque teria muito sal na comida... ora porque... ora bolas!
E interessante, O Figueirense é um time fraco, está em último lugar, mas contra nós provou como é importante ter um centroavante de ofício, um “matador”. Quem não tem um Messi tem que ter um Aloísio. Claro que não foi só por essa carência que fizemos papelão em Florianópolis, mas a atuação do centroavante adversário escancarou a nossa. Saudades do Ivo “tanque”, do Duílio, do Willian, do Zé Roberto, do Chicão, do Dario, do Tião Abatiá, do Keirrisson e do Bill (sim, até do Bill) atacantes que às vezes até eram toscos com a bola, mas que faziam gols cumprindo o lema do Dadá Maravilha: “não existe gol feio, feio é não fazer gols”.
Achar um homem de referência na área, um matador, não será a solução mágica para nossas deficiências, sem dúvida, mas será um grande passo. Os demais passam pela melhora na qualificação dos volantes – nem tanto no número, mas na qualidade de modo a sobrecarregar menos a zaga – e, entre outras providências, na retomada do espírito que reinava no grupo nos dois últimos anos, refletidos claramente na alegria e união quando da partida que matematicamente nos levou à primeira divisão antecipadamente em 2010 jogando em São Januário – ocasião em que os jogadores fizeram festa no gramado como se uma torcida organizada fosse – e igual proceder quando da conquista do bicampeonato invicto na baixada, alegria e ânimo que me parecem um tanto arrefecidos. Trabalho para a área psicoológica do clube.
Enfim, ao contrário do que se costuma dizer, hoje não foi um dia para se esquecer. Foi um dia para lembrar e para jamais repetir. Nada mais nos restou no ano senão lutar para nos mantermos na primeira divisão e, quem sabe, no ano que vem tentar voo mais alto. Estamos a poucos passos do precipício e não podemos nos descuidar. Vamos trabalhar com olhos nas nossas limitações e na tabela. Enquanto houver riscos nada de descuidos. Mas enquanto houver chances, nada de desesperos. Confiar sem desesperar é a palavra de ordem.
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