Bola de Couro
Já nem sei o que falar sobre o Coritiba. Nos últimos anos, com uma interrupção positiva em 2011, em termos de campeonato brasileiro estamos sempre a tentar evitar o rebaixamento. Restava-nos conquistar o título estadual, mas nos dois últimos anos nem isso.
O que dizer e o que sugerir? Eu francamente já nem sei.
Parece que estamos todos perdidos, a começar pela diretoria, a qual já deixou vencer o seu prazo de carência para mostrar resultados positivos. Meio ano, para um clube de futebol é muito. E meio ano de fracassos é quase uma eternidade.
E por falar em diretoria, prezo muito o presidente Bacellar, ligado a mim por laços familiares, mas sou obrigado a expor o que, ao que colho dos meios de comunicação e troca de mensagens com coritibanos, é como se mostra para mim a nossa direção. Digo “se mostra”, já aceitando que porventura possa estar equivocado, mas como não tenho acesso aos meandros do clube, como um pobre mortal torcedor só posso firmar convicção ante o que me é mostrado externamente.
O sistema de governo do Coritiba, segundo os estatutos, deveria ser exercido através de um colegiado, o denominado G5. Ainda que assim seja previsto, no mais das vezes a administração tem sido presidencialista, com o primeiro mandatário sendo o homem que dá a última palavra e supervisiona o clube.
No Coritiba atual, pelo que parece, temos um sistema de governo híbrido, como se fosse uma espécie de parlamentarismo somado a “eminências pardas” (pessoas que agem à sombra dos governantes e exercem ou querem exercer o poder, mas sem o ônus da exposição pública).
Tal como no parlamentarismo em que o presidente da república é o chefe de Estado e tem a representação dele, enquanto o primeiro ministro é quem governa, no Coritiba parece que o presidente Bacellar tem aquela função enquanto o vice-presidente Pedroso a segunda.
Dos demais membros do G5, um, aquele de quem se esperava a implantação de uma administração moderna no clube, renunciou não se sabe se porque havia forças ocultas intransponíveis ou por outras razões desconhecidas. Outro, sempre ressalvando que é o que parece aos olhos de um simples torcedor, dizem que talvez nem conheça todas as dependências do Couto Pereira. E outro até agora só apareceu no noticiário por força de uma mal sucedida viagem à Turquia em companhia do Alex – que também parece fugir da raia nas horas difíceis – e da afirmação feita pelo jornalista Augusto Mafuz sobre sua participação na “doação” de dinheiro para a campanha das eleições para a FPF.
Trabalho mostrado para o público (repito, mostrado, ou seja, o que se vê ou o que não se vê), só o do presidente Bacellar como chefe de Estado, ou, para o bem ou para o mal, do vice Pedroso como primeiro-ministro. Só os dois “mostram a cara” para a torcida. Certamente porque vivemos épocas difíceis, pois se tivéssemos campanhas vitoriosas no estadual e no brasileiro, todos estariam a dar entrevistas e a aparecer nas fotografias.
Não condeno e nem absolvo o presidente Bacellar e o vice Pedroso. Cometeram erros, tentaram consertá-los sem sucesso, mas pelo menos se deve reconhecer que não se escondem quando dos fracassos, ao contrário de outros que querem ser “eminências pardas” e suavemente vão minando o Coritiba por dentro.
Se não sei – e nem tenho a pretensão de saber tanto – o que sugerir para uma mudança radical no Coritiba, que teria que ser muito profunda, me atrevo a dizer que o presidente Bacellar deveria buscar apoio em coritibanos históricos e desprendidos, que gostam de servir ao clube e não dele se servir, mantendo ao largo, mesmo que tenha cargo diretivo por força de eleição, os que pensam e agem de outro modo. Algo está errado nos meandros do clube. Há mais coisas do que a nossa vã filosofia pode alcançar. Tenho a convicção de que a mudança que o Coritiba necessita obrigatoriamente deve começar por uma catarse da diretoria, com radical mudança na forma de agir e na inclusão de nomes de bons coritibanos e afastamento dos que querem ter o clube como seu. É um primeiro passo que parece essencial para que o ano e a gestão não fiquem marcados negativamente de modo definitivo.
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