Bola de Couro
A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero. (Victor Hugo)
A esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultado positivo. Requer persreverança, isto é, acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações em contrário. Mas não é infinita, sendo muitas vezes sucedida por desilusão, decepção, desengano, desesperança e perda de fé.
Desde muito tempo, de forma constante, a torcida do Coritiba não sabe o que é comemorar um sucesso concreto, ver algum horizonte positivo, ou mais ainda sentir que o seu clube recuperou no cenário do futebol brasileiro o respeito e admiração que um dia teve (Sim, amigos mais jovens, isso um dia foi realidade). Vive de esperança, a última que morre, mas que uma hora morre.
A cada ano, desde um suspiro de alegria com o time de 2011, pouco tivemos para comemorar. Duas vezes nas finais da Copa do Brasil – não que seja de comemorar, mas traz lembranças de boas campanhas - e tetracampeões estaduais até 2013. Mas depois disso nem conquistas locais obtivemos (em 2014 nem as finais do campeonato estadual disputamos e neste ano fomos humilhados na decisão sofrendo goleada em casa) disputando os campeonatos brasileiros apenas visando ao não rebaixamento.
E agora, neste campeonato brasileiro, desde a primeira rodada colecionamos fracassos, mantendo a “regularidade” de estar frequentando com assiduidade a zona do rebaixamento. Hoje, depois de não saber vencer uma equipe sem maior qualificação, e depois de disputar mais de uma terça parte do campeonato, estamos em penúltimo lugar na tabela. Atrás de clubes que não têm história e glórias como as nossas, que não tem torcida como a nossa, que não têm patrimônio como o nosso, que não tem receitas como temos. São “apenas” melhor administrados e têm melhor futebol. Mas isso talvez seja detalhe, o importante é que, conforme noticiado hoje pelo Coxanautas, lançamos nova parceria comercial com o rival, ocasião festiva em que finalmente um dos vices presidentes do clube apareceu.
O que dizer e o que sugerir? Como escrever uma coluna propositiva? Mostrando-se um deslumbrado otimista como Cândido ou Polyana? Somente sendo falso ou comentarista oficialista.
Não há como ser otimista vendo uma equipe que, além de desqualificada tecnicamente, com poucos jogadores à altura de um time que queira disputar seriamente o campeonato brasileiro, mostra apatia e falta de apetite para a vitória. A propósito, onde está o psicólogo encarregado de estabilizar emocionalmente e motivar os jogadores?
Não há como ser otimista ante uma equipe que, ainda que pudesse superar as limitações técnicas com vontade, não tem um bom preparo físico, seja no sentido de dispor de forças para correr bem até o final do jogo, seja no tocante a boa impulsão, elasticidade e outros atributos que os fisiologistas melhor saberiam apontar, ou seja, e aqui de modo escandaloso, no que se refere às lesões constantes e de difícil recuperação. Quanto a este último ponto – desconsideradas as lesões decorrentes de traumas - se tais fatos acontecessem esporadicamente, se diria que é azar; se acontecessem muitas vezes, talvez fosse coincidência; mas se ocorrem sistematicamente algo de muito errado está acontecendo e não é preciso ser um experto no assunto para entender que correções urgem.
E não há como ser otimista quando se vê o clube mal gerido no que se refere à sua essência e atividade-fim, o futebol, com cisões em uma diretoria que está na metade do primeiro ano de mandato e já se mostra esfacelada.
Então, meus amigos, não me cobrem textos positivos e otimistas. Não posso brigar com os fatos e com o que eles mostram.
Há luz no fim do túnel? Talvez. Mas temo que talvez nem haja fim do túnel para nós.
Pelo menos um consolo. Não fosse o Joinville, como diria o poeta Tiririca, pior do que está não fica.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)