Bola de Couro
Já estava absorvendo a dor da perda do título da Copa do Brasil, exposta na coluna anterior, quando no sábado aquele sentimento foi substituído pelo de depressão com a apresentação (?) do time do Coritiba em Campinas.
Tratou-se de uma partida de envergonhar a direção, comissão técnica e torcida e certamente alguns dos poucos jogadores que se mostraram comprometidos na ocasião.
O time parecia um ajuntamento sem organização, com alguns jogadores que já foram destaques se apresentando como se saídos da vala comum – Emerson, por exemplo, sempre destaque e sem dúvida craque, não foi nem uma sombra do que é – outros apenas confirmando o conceito que já se têm deles, e outros ainda mostrando evidente descompromisso e indiferença com o andar do jogo e o resultado. Exemplos desta última afirmação foram as ridículas perdas de bola do Sérgio Manoel e do Everton Costa e que geraram cada uma um gol para o limitado time da Ponte Preta.
Mas, vamos aceitar as alegações que já se fizeram ouvir no sentido de que o time estava de ressaca e abalado pela perda da Copa do Brasil, e vamos ter confiança de que poderá se reerguer e escapar do rebaixamento para a segunda divisão, esta, ao que me parece, talvez a única meta que nos reste em razão de já decorrido quase um terço do campeonato brasileiro. Vamos esquecer, para seguir na linha do raciocínio, que todos, com exceção do Vanderlei, tiveram falhas, inclusive o técnico, alguns menos e outros mais.
Só que, amigos, sempre sem querer ser um desanimado pessimista – e meus textos aqui postados mostram nunca fui - a verdade é que se mostra difícil ter confiança e ser um otimista com os atacantes (?) de que dispomos, os quais, ao contrário do que fazem todos os seus colegas de posição no futebol, paradoxalmente não sabem fazer gols. Não sabem fazer gols! Não tenho os números exatos, mas todos sabemos que tanto Emerson como Pereira, e ainda o Lincoln (este jogando de vez em quando) fizeram muito mais gols do que o Roberto, o Everton Costa, o Anderson Aquino e o Marcel. O Emerson, talvez tenha feito mais gols do que todos somados! Se não os fez, pelo menos sua produção quase se iguala à de todos os seus colegas juntos.
Ora, se a meta em um jogo de futebol é a feitura de gols sem os quais ninguém vence uma partida, e se os nossos atacantes (?) não sabem fazer gols, é neste ponto que reside o problema maior e fundamental da equipe. (Do goleiro até aos meias, o time tem soluções boas ou razoáveis, embora hajam divergências quanto a um ou outro nome, e poderá crescer.). Pode a defesa falhar aqui ou ali, pode a meia-cancha não produzir muito bem, ou pode ainda o técnico errar a escalação ou alguma substituição, isso é da dinâmica de qualquer time e aceitável desde que ocasionalmente. Mas se a bola sempre que chega ao ataque ali morre a jogada, sem dúvida é o setor a maior carência da equipe. Quando a bola chega via cruzamentos, Emerson ou Pereira decidem e de vez em quando Lincoln ou Tcheco em alguma jogada por eles organizada. Mas quando a bola chega para um dos avantes, ainda que nas melhores condições, o resultado é o que nós temos visto e que saltou aos olhos desde o primeiro jogo contra o Palmeiras (ainda que outros fatores tenham ajudado a construir a vitória do rival): o gol não sai e todo o esforço dos demais atletas é praticamente desperdiçado.
E por favor, que não se argumente com a visão que alguns têm sobre times que fazem sucesso sem atacantes de ofício. Talvez a figura daquele centroavante trombador, forte, que fica parado perto da área esperando a bola não se encaixe bem no futebol moderno, sendo mais importante a velocidade e deslocamentos, dirão alguns. Tudo bem, mas isso só dá certo quando a equipe é altamente qualificada e joga com velocidade e alternância de posições, caso típico, embora a comparação seja extremada, do Barcelona. Quando o time não tem essa qualificação (não precisa ser a do Barcelona, não vamos exagerar) não há como dispensar um ou dois atacantes de ofício.
Desde então, porém, não houve qualquer contratação para a função, e lamentavelmente dentro do atual elenco não há como consertar a inoperância do ataque. Mas, dizem alguns e já disse nosso dinâmico presidente – a quem sempre rendo homenagens pelo que fez e certamente fará, mas deve abrir os olhos para as carências da equipe, notadamente a aqui apontada – resta a esperança da volta do Keirrisson. Mas voltará ele logo? Voltará em plenas condições físicas? Será o mesmo Keirrisson que foi nosso artilheiro há poucos anos ou será um novo Marcel que retornou na condição de ex-jogador? E se voltar bem, não sofrerá nunca lesões que o deixem sem jogar e nos obrigue a contar (?) com os demais supostos atacantes? E se voltar bem, sozinho será suficiente para suprir o setor?
Se nos fiarmos somente nesta tábua de salvação, será difícil se reerguer. Se a direção, através do profissional contratado para a função não encontrar logo um ou mais goleadores - podem ser jogadores sem grande primor técnico,não importa, basta que saibam empurrar a bola para dentro do gol - nosso futuro não será fácil, exigirá muita superação e sorte.
Keirrisson é uma esperança,sem dúvida, mas sozinho é apenas um fio de esperança.
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