Bola de Couro
O Coritiba está vivendo mais uma dentre as grandes crises que já viveu nos últimos tempos, de todas elas saindo cada vez mais esfolado e aos pedaços, tendo como consequência imediata o aprofundamento das suas quase que impagáveis dívidas e, o que talvez seja pior, o abalo cada vez maior na autoestima da torcida e o desperdício da possibilidade de angariar novos torcedores e crescer. Estagnamos, ou retroagimos. Nos últimos tempos, salvo um bom momento em 2011 e parte de 2012, vivemos de lembranças de glórias antigas.
Pois ainda que assim seja não vemos no noticiário qualquer matéria positiva no sentido de que se está tentando alguma providência para estancar a crise. Se o ano está praticamente perdido, com tudo indicando que, salvo um milagre, estaremos na segunda divisão no próximo, mesmo que não dê para nos salvar todos esperávamos que pelo menos a direção do clube se preocupasse primordialmente com o time de futebol, sua atividade fim e razão da existência e não com assuntos paralelos. Se vamos ser rebaixados, que seja com um mínimo de honra e lutando, não com a apatia que vemos em todos os níveis.E menos ainda mudando o foco das prioridades.
Noticia-se que um vice-presidente está focado na volta da Copa Sul-Minas, ou seja, visa a um futuro remoto e incerto. Talvez seja uma competição interessante, mas isso não é nossa prioridade no momento. Para a torcida só interessaria saber daquela incerta copa se algo fosse mostrado também - e primordialmente - sobre o presente e o futuro imediato do clube. Gostaria muito de conhecer notícias de providências do mesmo vice-presidente (e ou seus companheiros de direção) também dando conta de melhorias para recuperação do time.
Enquanto isso foi publicada matéria no sentido de que o presidente do Conselho Deliberativo estaria empenhado em projeto de lei que permite a volta da bebida alcoólica nos estádios de futebol. Sobre a crise que o clube vive não se viu notícia que envolva o dirigente em questão. Como nada diferente foi divulgado presume-se que também não tomou qualquer atitude visando a remendar a situação que o Coritiba enfrenta.
E o presidente, cobrado pelos maus resultados, pensa – ou apenas diz, não creio que tenha essa convicção - que o time está jogando bem: “A bola está batendo na trave e nossos atacantes estão perdendo muitos gols (...) Estamos tendo muito azar de jogadores se machucarem na hora que o Ney Franco pensa que vai contar com o time inteiro”.
São essas as notícias que recebemos.
Então vejamos dois fatos emblemáticos para comparação sobre como a direção do nosso Coritiba está se comportando e sobre como deveria se comportar.
Sofremos uma derrota vexatória em Santos, com o time adversário só não nos humilhando mais porque certamente não quis. Nosso time mostrou um péssimo futebol, apatia generalizada e o técnico parece não conhecer as limitações da equipe, tanto que usou três atacantes.
O que ocorreu após aquela nossa derrota humilhante? Um empregado do clube, Maurício Andrade, que talvez nem seja torcedor do Coritiba, foi quem apareceu para falar aos meios de comunicação sobre o jogo e a situação do time. E segunda-feira o Conselho Deliberativo foi reunido para tomar conhecimento da cessão do Couto Pereira para o Atlético – nada contra, desde que haja pagamento, indenização por danos e reciprocidade – não se vendo nenhuma notícia sobre ter o mesmo conselho discutido a aguda crise que o clube vive.
Enquanto isso, no domingo o Internacional sofreu uma goleada histórica, perdendo para o Grêmio por 5 x 0, placar que não ocorria desde 1912.
E o que aconteceu depois da humilhação que o Internacional sofreu? O presidente do clube se apresentou para os meios de comunicação, assumiu a responsabilidade e admitiu erros. E na noite de ontem coincidentemente também no Internacional houve reunião extraordinária do Conselho Deliberativo convocada para decidir sobre o afastamento de um dirigente. Em que pese à especificidade da pauta, a discussão entre os conselheiros foi dominada pelos reflexos da derrota vexatória e cobranças à direção.
Provavelmente o presidente Bacellar não pôde ir a Santos, e talvez nem fosse o caso de ir. Mas certamente algum dirigente acompanhou a delegação. E se acompanhou, por que delegou a um empregado as tentativas de explicações por mais um vexame? E por que não há notícia sobre se na reunião do Conselho Deliberativo de ontem (10 de agosto) a direção foi ou não interpelada sobre o terrível momento que vivemos? Ou não foi permitido aos conselheiros manifestação nesse sentido com base no formalismo cego de que o assunto não estava em pauta?
Aguardo ansiosamente por iniciativas positivas do clube. Estou cansado de escrever somente sobre derrotas e erros administrativos. Não gosto nada disso. Quero tecer elogios, e se o clube e o time vierem a se mostrar merecedores prometo que vou buscar no dicionário todos os adjetivos possíveis para enaltecer quem fizer por merecer.Apelo à direção e ao time para que me deem a alegria de poder mudar o direcionamento das colunas.
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