Bola de Couro
No ano passado, a Federação Paranaense de Futebol reuniu os clubes da primeira divisão do futebol do Estado e organizou o campeonato do ano de 2011. De forma unânime e sob coordenação da entidade denominada “mater”, foi decidido que o campeonato teria dois turnos e ao final os campeões de cada um se enfrentariam em duas partidas para decidir o título. Enfim, um campeonato para ser emocionante para todos e ter duas finais trepidantes, levando dinheiro para os cofres dos clubes e da FPF, além de dar alta audiência para a TV pelo investimento com as transmissões.
Mas o Coritiba parece que não entendeu bem o regulamento e o descumpriu , vencendo os dois turnos por antecipação e não se deixando derrotar pelo menos uma vez para dar alguma alegria aos adversários ou ao esforçado rival maior. Exagerando, conseguiu ter o maior ataque e a melhor defesa da competição, bem como o artilheiro do campeonato e, se no início deixou alguns poucos pontos em dois empates, no mais só vitórias, tudo de modo a torná-lo campeão paranaense invicto e por antecipação. Enfim, foi insaciável e nada deixou para os outros. Corrijo, deixou uma conquista para o rival, qual seja o primeiro lugar em número de pênaltis marcados.
E não satisfeito, alcançou o recorde brasileiro de vitórias consecutivas com a goleada no atleTIBA pascal.
Mas o que foi isso? Então o Coritiba não atendeu ao que foi combinado e ao desejo da FPF não permitindo duas emocionantes finais, prejudicando os cofres da entidade? E a televisão, que investiu tanto para transmitir os jogos e esperava alcançar altíssimo Ibope com as finais, fica também com o prejuízo? Por que o Coritiba não permitiu emoções – senão negativas – para os outros clubes? Por que criar ilusões em adversários deixando que fizessem alguns poucos gols, especialmente nos clássicos, para depois serem goleados? E no último jogo, quando lhe bastava um mero empate, o Coritiba tripudia e dá uma goleada no pobre rival, não respeitando nem mesmo sua casa? E logo no domingo de Páscoa, quando todos têm o dever ser caridosos, mesmo com os inimigos? Afinal, isso é modo de tratar os confrades? Que maldade e, como dizem os meus amigos gaúchos, que barbaridade!
Temo que, por assim agir, algum Procurador do TJD denuncie o Coritiba por abuso de poder por humilhar os adversários e por dar prejuízo financeiro à FPF e à TV.
Se assim acontecer, provavelmente o Coritiba será condenado a doar cestas básicas para os adversários, compostas por caixas de lenço de papel para enxugar lágrimas, panos pretos para guardar luto, gel para tirar dor de cotovelo e, para o segundo colocado, acrescida de três ovos de chocolate e um calendário do ano de 2021 (final, estão dez anos na frente...).
A coluna de hoje serve para mostrar aos amigos leitores que idade e formação profissional não são sinônimos de sisudez, ainda mais quando se trata de futebol e a paixão e a euforia nos dominam. Exagerei na dose? Se sim relevem, mas com uma conquista de tal tamanho como a do Coritiba em 2011, este é um dos poucos momentos em que se pode assim agir, dando preferência total para emoção e alegria sem medo de censura. Se não por outra razão, certamente “eles” merecem o tom da coluna.
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