Bola de Couro
Vem se destacando no Coritiba, com regularidade e eficiência impressionantes, ao ponto do nosso técnico afirmar que se trata de jogador que mereceria convocação para a seleção brasileira, Léo Gago.
Há alguns dias me preocupei com o complemento do seu nome “Gago”, uma vez que a gagueira nada tem de emocional, não é tique, mania ou qualquer outro desvio de conduta, mas sim doença neurológica conforme o Dr. Gerald Maguire, Médico e professor de Psiquiatria e Comportamento Humano da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em trabalho traduzido por Anelise Bohnen, diretora do Instituto Brasileiro de Fluência, pensando eu que o apelido o constrangeria. Propus aos colegas Coxanautas que passássemos a chamá-lo somente de Léo, na suposição de que a atitude o satisfaria.
Para minha surpresa (surpresa positiva), um dos colegas o consultou e ele respondeu, altivamente, que o complemento do nome era sua marca registrada e que não se importava com o mesmo e nem queria a mudança, atitude que revela personalidade e equilíbrio emocional.
Pois bem, passemos ao futebol praticado pelo Léo Gago, que é o que em verdade importa.
Trata-se, sem dúvida, de um dos jogadores mais regulares da equipe, que cadencia o meio de campo, sabe desarmar como poucos e que, ao contrário dos muitos volantes que existem por aí, sabe também passar a bola e construir jogadas. Identificou-se plenamente com o Coritiba, preferindo-o aos falsos holofotes do Vasco da Gama, mostrando que além de atleta é também nosso torcedor. Enfim, é um dos nomes mais importantes da fase em que estamos vivendo.
O título da coluna, para quem não sabe, identifica Léo Gago com um dos maiores, senão o maior orador da História, qual seja Demóstenes, político e pensador da antiga Grécia. Demóstenes era gago, tal como nosso Léo, mas nem assim a condição o fez menor, pois superava o problema e se constituiu no maior orador da História antiga, cuja retórica demolia os adversários políticos.
Léo Gago, o nosso Demóstenes, se não vence os adversários pela retórica e oratória, o faz com os pés e a cabeça, mostrando-se um verdadeiro mestre de obras do meio campo do Coritiba. Sente-se que sabe que não há jogada sem importância e nem disputa de bola a desprezar, pois todas são essenciais, agindo em campo como o pensador grego que afirmava “Pequenas oportunidades são muitas vezes o começo de grandes empreendimentos.”, ou aplicando a máxima para o futebol, não há bola perdida, não há jogada menos essencial e não há partida menos importante do que qualquer outra para Léo Gago.
Finalizando, lembro que a crônica esportiva, como se não houvessem tantas qualidades a reconhecer no atleta, mais do que exaltá-las constantemente o provoca para saber quando fará gols pelo Coritiba. A circunstância revela pensamento pequeno para quem vê o contexto da equipe, uma vez que a nem todos os atletas é exigível a feitura de gols, para alguns sendo mais importante, como acontece com Léo Gago ou Leandro Donizete, propiciar aos colegas a marcação, pois nenhuma equipe poderá ter sucesso sem aqueles que pouco aparecem nas comemorações, mas são essenciais para que elas aconteçam.
A Léo Gago, a homenagem da coluna.
P.S. Escrevo antes do jogo contra o Rio Branco. Se nele Léo Gago fizer gol, o fato em nada mudará sua característica e conceito.
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