Bola de Couro
Nos últimos anos, sempre encontramos dificuldades quando enfrentamos o time do Joel Malucelli, tenha ele o nome de Corinthians ou J. Malucelli, como se pode ver da estatística que os Coxanautas apresentaram em matéria postada no último sábado. Embora seja um clube sem identidade, muito mais voltado a dar lucros ao seu dono, é o que se chama popularmente de “asa negra” do Coritiba.
Ontem não foi diferente, ainda que se possa alegar que o Coritiba estava desfalcado de três dos seus melhores jogadores, Marcos Aurélio, Rafinha e Emerson. Provavelmente com eles em campo e em forma plena – não esqueçamos que Marcos Aurélio está afastado por lesão e quando retornar possivelmente não estará “na ponta dos cascos” –teríamos vencido com melhor apresentação. Provavelmente, digo, pois além da tradição de dificuldades apresentadas contra nós, o adversário deve ser elogiado pela forte e eficiente marcação que ofereceu, a melhor talvez dentre os adversários que até agora enfrentamos, salvo o Ypiranga de Erechim.
Não foi uma boa apresentação, todos concordam ao que presencie, ouvi e li, não havendo necessidade de se alongar a respeito. Escapamos de perder ou empatar pela conjugação dos méritos do Edson Bastos ao defender o pênalti, uma bola tirada em cima da linha ao início do jogo em falha gritante do mesmo Edson Bastos ao sair mal do gol e uma bola na trave. Enfim, embora possa não ser o meu caso, pois a condição de torcedor às vezes afasta a razão, para quem viu o jogo com isenção, atributo que se impõe ao menos minimamente quando se faz análise que se pretende honesta, a vitória foi imerecida.
Mas senhores dos meios de comunicação que desmereceram o Coritiba pela apresentação de ontem ou pelo que entendem claro erro da arbitragem (alguns deixando evidente ou pelo menos ou implícita a frustração por não ficarmos ao alcance “deles”), algumas observações devem ser feitas para bem contextualizar o que ocorreu e suas consequências.
Primeiro, ganhar sem jogar bem é comum no futebol, e se domingo fomos favorecidos por esta circunstância, em muitas outras ocasiões fomos derrotados embora com amplo domínio da partida e perdendo gols pelo azar ou méritos do goleiro adversário. Aliás, com que time isso nunca aconteceu?
Depois, se o pênalti marcado ao nosso favor talvez não tenha se caracterizado, erros semelhantes ou piores também já ocorreram contra nós ou em favor ou desfavor de todos os times do mundo. Será que nos inúmeros pênaltis assinalados em favor do rival neste campeonato foram todos claros? E quantos que aconteceram e deixaram de ser marcados para nós? Enfim, se não há uma marcação sistemática de penalidades que não aconteceram ou a não-marcação generalizada das que aconteceram em relação ao mesmo time, eventual erro é inerente ao futebol, composto por seres humanos e, portanto, falíveis. Não se esqueça que o árbitro tem que marcar as faltas instantaneamente e não tem os recursos da televisão para ver o que aconteceu por todos os ângulos. Se foi necessário, como no caso, usar as várias imagens e repetições que a televisão proporciona para firmar convicção, o árbitro não pode e nem deve ser condenado, ainda mais lembrando que, caso estivesse predisposto a nos favorecer, não teria marcado a penalidade máxima (corretamente) para o adversário.
Por outro lado, temos que aceitar a má apresentação e a vitória magra e talvez imerecida, como saudável. Sim, saudável, pois chegou em boa hora, quando o time vinha de boas e excelentes apresentações, ocasiões em que poucos apontavam algumas deficiências, talvez com medo de parecerem o meu amigo Aderbal ante a euforia da torcida. Ontem se viu que nem sempre os substitutos preenchem a falta de alguns substituídos, especialmente os três que citei antes, e que o grupo precisas ser qualificado com três ou quatro reforços para o campeonato brasileiro. O jogo mostrou também que os adversários estão nos estudando e buscando formas de marcar com eficiência o envolvimento a que estávamos submetendo os oponentes, o que obriga nosso técnico a refletir e criar alternativas para esses momentos. É dos maus momentos ou fracassos que se tiram as lições para não errar mais.
Enfim, há males que vêm para bem. Se o grupo souber tirar as lições que a má apresentação de domingo mostrou, só teremos a crescer e por isso afirmo que a má exibição foi saudável. E que ninguém esqueça que, por mais que desejemos que a condição de invictos avance, ela jamais será perpétua e um dia, jogando bem ou mal iremos perder. Mas se Deus quiser depois do jogo contra “eles”.
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