Bola de Couro
Não vou comentar o jogo de ontem, que assisti com um misto de sentimentos de apatia e de indignação. Apatia por sentir previsível o Coritiba que estão nos entregando, do qual nada se espera além do que mostrou ontem. E indignação por ver o meu time e clube do coração, que acompanho há pelo menos seis décadas, cada vez mais apequenado, cada vez mais longe de recuperar os bons tempos que viveu e cada vez mais desconsiderado no contexto do futebol nacional.
Ver aquele amontoado de pseudos jogadores, cuja má qualificação há muito é sabida, e um comando de um técnico que já mostrou o quanto é incapaz, e que ontem só meteu os pés pelas mãos, tira a inspiração de qualquer cronista.
Mas eu disse que não iria falar do jogo e quase ia desbordando e não entrando no tema a que me propus.
Pois amigos, o que quero chamar a atenção hoje é para um sentimento que claramente falta no comando do clube, especialmente ao presidente, que deveria ser o condutor maior das nossas honradas cores, qual seja o da sensibilidade.
Todo ser humano deve ser dotado de sensibilidade, que nada mais é do que a capacidade de perceber as modificações e exigências do meio externo ou interno e de reagir a elas de maneira adequada. Dos homens que comandam qualquer segmento social é exigida boa sensibilidade, consistente na captação do sentimento dos que estão sob o seu comando e daqueles aos quais devem resultados. E com muita intensidade essa característica deve ser exigida de quem comanda um clube de futebol e que é, não mais do que isso, detentor de um mandato outorgado pelos torcedores associados, para os quais deve administrar e prestar contas.
Pois amigos, ao que se vê da inércia, da não exposição pública e da falta de prestação de contas aos torcedores por parte dos dirigentes do nosso clube, sem dúvida a eles têm faltado sensibilidade. Não é possível que, decorridos sete meses da eleição da chapa que prometia o céu para os coritibanos, eles – especialmente o presidente – ignorem que estão administrando mal, não ouçam a voz da torcida (não a conduzível organizada, mas a que verdadeiramente mantém o clube) e tenham conduta soberba em nome de um “projeto” que nunca se vê avançar nem um degrau sequer.
Assumir querendo que o time tivesse sucesso somente com os meninos da categoria de base, ideia irrealizável por evidente, e logo depois tornar a situação pior em razão da contratação de inúmeros jogadores desqualificados, alguns deles nem com condições para teste, e ignorar olimpicamente os erros, em especial quanto ao nome a quem foram entregues as contratações, não é só soberba, é insensibilidade, sentimento muito próprio da maldade. E administrar sempre culpando o passado, como se não o conhecessem quando se ofereceram para gerir o clube, e como se dele não tivessem feito parte ativa, é fugir da responsabilidade e demonstrar que não sabem o que fazer para construir o presente e o futuro.
Seria muito interessante se fosse possível contratar o Ibope para fazer uma pesquisa junto aos associados do Coritiba, perguntando se aprovam o modo como o clube está sendo comandado - resposta previsível e óbvia - para ver se o resultado sensibilizaria os dirigentes. Como não é possível, só nos resta torcer para que o santo padroeiro dos humildes, juntamente com o deus da autocrítica e da deusa da competência interfiram nos desígnios da direção do nosso clube e façam com que mudem os rumos enquanto ainda há tempo de evitar uma catástrofe. Pois nós, humanos torcedores, os dirigentes não ouvem, centrados que estão na própria voz.
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