Bola de Couro
Alter ego, como os amigos sabem, é um “outro eu”, ou pessoa na qual nos fazemos refletir para dizer o que não conseguimos ou não temos coragem de dizer. É uma espécie de personalidade oculta ou uma segunda personalidade.
Pois ontem o diretor de futebol do Coritiba, Augusto Oliveira a, foi o alter ego dos dirigentes do clube, que parecem não gostar de entrevistas ao vivo ou daquelas cujas perguntas não tenham sido previamente selecionadas.
E a entrevista do empregado do clube, com atribuições de diretor, em que pese muitas perguntas precisas e às vezes até contundentes, foi um exemplo de como se pode sair pela tangente com habilidade, ainda que sem convencer a quem está atento.
Ouvi afirmações sobre jogadores que teriam dado certo, mas quando indagado por um dos jornalistas sobre quais seriam, só tergiversações. Talvez Alan Costa, Carlos César, Alisson Farias, Chiquinho, Simião, Jean Carlos, Vinícius Kiss, Alvarenga, Bruno Moraes, Pablo et ali?
Foi dito que contratações são feitas com uso de um banco de dados que faz uma análise de mercado. Que cômodo. Parece tal como um professor que tem que proferir uma palestra e que vai ao Wikipédia e dali copia e cola dados e os joga para a plateia sem compromisso com a verdade e o resultado. Certamente isso é a causa dos tantos erros nas contratações.
O Eduardo Baptista é bom técnico, dentre outras razões porque chega cedo e trabalha o dia todo, disse o entrevistado, afirmação que mereceria risos da plateia, não fosse ela composta jornalistas. Suponho que o porteiro do Couto Pereira também chega cedo e trabalha o dia todo, mas provavelmente nem por isso saberia comandar o time.
E o que dizer quando se ouve o funcionário afirmar que “só falta o resultado”? Ah, então estamos com um time bom e jogando bem e só o resultado não aparece? O que vemos é exatamente o contrário, temos alguns resultados bons nos jogos em casa, mas em nenhum o time convenceu.
Difícil também foi ouvir que o “favoritismo” do Coritiba estaria sendo um peso, que leva o jogador a sentir a responsabilidade. Afinal, são homens ou crianças? Não há líderes que façam com que saibam que não é assim, que são limitados e que só um grande esforço pode mudar o andar das coisas?
É amigos, a coisa vai de mal quando se vê que os que comandam o nosso clube compuseram um elenco fraquíssimo, cujos resultados em campo são medíocres, mas mesmo assim acreditam que estão agindo bem. E continua mal quando não se vê o presidente, ou pelo menos um membro eleito, dar explicações à torcida, delegando a tarefa para funcionários que não têm qualquer vínculo de amor ao clube que os emprega. O nosso estatuto permite a delegação de atribuições a empregados (artigo 115), mas penso que em situações de crise como a que vivemos, os mandatários é que teriam que dar satisfação aos torcedores e aos que os elegeram.
Erros todos que administram cometem, não há como evitar. E se errar é humano, para alguns também é humano atribuir os erros aos outros. A culpa é da gestão passada, que culpa a anterior, que culpa a precedente, que culpa... (Uma exceção, por justiça. Em 2010, após a catástrofe de 2009, houve uma intervenção branca, mas sem transferência de responsabilidade na luta para reerguer o clube).
Como disse na coluna anterior, ainda há tempo para mudar e salvar o ano, mas sem humildade e consciência da realidade não será fácil. Vamos torcer para que alguma luz recaia sobre os dirigentes de modo que admitam os erros e providenciem mudanças na área do futebol, nossa atividade fim, pois por melhor que possam estar se saindo nas outras esferas, de nada pouco ou nada adiantará sem sucesso em campo.
P.S. Não comento as declarações do Pereira, a uma porque confesso que o áudio estava muito ruim nas falas dele, e a duas porque, quando pude ouvir, senti que parecia que ele não sabia o que estava fazendo ali.
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