Bola de Couro
No final do mês de maio, o presidente Juarez Moraes e Silva e o vice-presidente Glen Stengler concederam entrevista à jornalista Nadja Mauad, onde, dentre outras questões, disseram que esperavam que em dez anos o Coritiba estivesse disputando um título mundial e que ambos não concorreriam à eleição do clube no pleito que se dará no final de 2023.
Naquela ocasião o Coritiba estava em quarto lugar no campeonato, entusiasmando o seu torcedor – eu inclusive – e a palavra do presidente, embora com um ufanismo que não se encaixava, deixou alguns de nós com olhares esperançosos. Afinal, quem não quer ver o seu clube mirando a disputa de um campeonato mundial de clubes?
Mesmo assim eu, que fiquei dentre os que estavam se entusiasmando com o que o time apresentava, não consciente do engano que cometia, naquela ocasião entendi que a fala presidencial referente à próxima eleição do clube fora desastrosa. Não que não seja legítimo o desejo em não permanecer na próxima gestão, mas pela total inoportunidade do anúncio, feito com menos da metade do mandato tendo transcorrido, o que de um lado indicava que os sucessores do Renato Follador não se sentiam bem nos cargos, e de outro levava a despertar as “vivandeiras” que sempre cobiçam voltar à direção, tanto que logo em seguida a torcida organizada – e comandada – fez uma manifestação de apoio ao Rafinha no mesmo momento em que este procurava colocar pedras no caminho da recuperação judicial.
Na sequência, coincidência ou não, o Coritiba começou a decair em campo, tendo alguns empates e se perdendo desde a derrota para o Bragantino, a partir de quando não mais se recuperou, embora uns raros alentos episódicos, e aos poucos chegamos ao quadro que hoje culmina com o clube na zona do rebaixamento com grande probabilidade de voltar à segunda divisão. Difícil pensar em um dia chegar à uma disputa mundial, quando nem próximos da nacional conseguimos ficar.
Enquanto isso, a gangorra que existia há alguns anos, na qual ora nós nos mantínhamos na parte de cima e ora o rival, travou, e enquanto eles nos abanam do alto com conquistas internacionais, nós temos que ficar sentados junto ao chão remoendo “ah, mas fui campeão brasileiro primeiro”, “ah temos mais títulos estaduais” e “ah o nosso estádio foi pago integralmente por nós”. Tudo para esconder um sentimento de inferioridade que não queremos externar e nem admitir.
Que fase! Será que no inverno da vida que já me alcançou um dia ainda voltarei a ver o Coritiba forte do qual aprendi a me orgulhar? Está difícil.
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