Bola de Couro
Lendo o apelo que o presidente do Coritiba, Juarez Moraes e Silva, fez para que o número de sócios do clube aumentasse (veja aqui), eu lembrei de um fato ocorrido em meados do século passado e que serve para provocar a nossa torcida a atender ao pedido.
Pois naquela época o Corinthians ficou nada menos do que vinte e dois (22!) anos sem conquistar o título de campeão estadual – então muito valorizado, pois em nível nacional por muito tempo só havia o Torneio Rio-São Paulo - e onze anos (11) sem vencer ao Santos. Os tabus foram quebrados em 1977 (campeonato estadual) e 1968 (vitória sobre o Santos).
Foi uma situação que levaria muitos clubes a quase se extinguirem – imaginem o Coritiba ficar vinte e dois anos sem um título estadual - mas a torcida do Corinthians se manteve fiel, daí o apelido que ostenta até hoje, sustentando o clube através do quadro social, uma vez que na época não havia patrocínios para os clubes e nem renda da TV. Superados os tabus o Corinthians posteriormente colecionou vários títulos estaduais, nacionais e internacionais, sempre com um quadro social forte, atualmente ultrapassando o número de cem mil.
Não morro de simpatias pelo clube paulista (na verdade não morro de simpatia por qualquer clube que não o Coritiba), mas evoco o exemplo para a nossa reflexão. Não vivemos uma época de vacas tão magras como eles, mas temos convivido com períodos difíceis. Rebaixamentos, perdas de campeonatos estaduais e consequente diminuição de receitas decorrentes de vários fatores, alguns culpa de maus dirigentes que passaram pelo clube, mas alguns da nossa conduta omissiva como torcedores.
Se somos “A torcida que nunca abandona”, conforme slogan que nos marca, mas se diante de um número de mais de um milhão de torcedores só na grande Curitiba temos apenas onze mil sócios, alguma boa parte da torcida não está mostrando que ampara o clube.
Assumiu nova diretoria, sob a liderança do saudoso Renato Follador, cujo exemplo está norteando os colegas que ficaram na direção, e um trabalho intenso está sendo feito visando a recuperação do clube. Aos poucos estão equilibrando as finanças e em campo o time está mostrando o resultado da gestão.
Certa vez eu disse aqui “O Coritiba não é uma pessoa jurídica, não é o estádio, não é a direção e nem o elenco. O Coritiba somos todos nós, o que se convencionou chamar de “nação”. O maior patrimônio do clube é a sua torcida. Como tal, somos todos responsáveis pelo sucesso ou insucesso do clube, e não só a direção, por melhor e mais bem intencionada que seja. Por isso todos têm que ajudar no reerguimento ou refundação do nosso amado clube”.
Associar-se é também a retribuição ao clube pela nossa condição de torcedores. É o Coritiba presente em nossas conversas pessoais ou em redes sociais. É o Coritiba que nos permite – não permitiu nos últimos tempos, é verdade, mas voltará a permitir – alegrias. É em razão do Coritiba que acompanhamos o futebol na TV, rádio e jornais. Não deveremos, então, retribuir algo ao nosso clube? Ou vamos continuar a usufruir da instituição Coritiba somente exigindo da direção e torcendo nos momentos bons e reclamando nos momentos ruins?
Já tivemos 30.000 associados em 2011/2012, ou seja, temos potencial para ter um quadro social forte. É o mecanismo mais fácil, efetivo e ágil para ajudar. Há planos para todos os bolsos, é só acessar a página do clube e se informar.
Ah, dirão alguns, mas qual a vantagem em se associar agora, quando a presença no estádio está vedada até passar essa maldita pandemia? Bem, se for o caso de pensar somente no próprio bolso, então não se estará ajudando ao clube mostrando-se idealista e torcedor, mas sim esperando para fazer um negócio que possa dar lucro monetário.
Vamos mostrar que somos mesmo a torcida de nunca abandona.
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