Bola de Couro
Quase toda semana é a mesma coisa. O Coritiba joga mal, mais perde e empata do que ganha, e ouvimos o mesmo discurso no sentido de que estão trabalhando, que a sorte nos tem prejudicado, que foi o calor ou o frio, que a defesa está bem e o que falta é o ataque funcionar, que o ataque está bem mas a defesa falhou, que a direção está priorizando o pagamento das dívidas (como se um dia o clube não tivesse tido nenhuma), que o número de sócios adimplentes está diminuindo (por que será?), que o público no estádio tem sido pequeno (qual será a razão?), que...
Aí, os colunistas deste e de outros sítios manifestam a sua inconformidade, enquanto alguns integrantes da imprensa, do rádio e da televisão (estes,poucos, e ainda por cima nenhum deles com força e carisma de modo a merecer respeito perante a diretoria) também apontam as falhas. E ao torcedor do Coritiba, pobre dele, só resta o espaço para comentários nas redes sociais. No estádio, a torcida “não organizada” – a verdadeira e mais fiel - de vez em quando, com dor no coração, uso o recurso da vaia. Mas ao que parece a direção nada vê e nada ouve, continuando a agir como se tudo estivesse no bom caminho.
Faço parte de um “nicho” de torcedores, a esta altura menor dentro da grande torcida do Coritiba, que viveu glórias que não devem ser elencadas a cada momento de crise, pois esse pode mais parecer um modo de mostrar conformismo. Estamos mal há muitos anos, diríamos, mas há muitos e muitos mais anos fomos um clube vitorioso, admirado e respeitado. E daí? Claro que a história nunca se apaga e temos muito que nos orgulhar dela. Mas vamos viver assim? E os que nasceram e se criaram depois daquela cada vez mais distante época? E os que estão começando a viver o futebol agora, vão torcer para esse Coritiba que não dá esperança?
A torcida do Coritiba tem sido espezinhada nos últimos anos, tem sido submetida a muito sofrimento e tem se limitado a se contentar com alguns títulos estaduais – ultimamente nem isso mais – e a “comemorar” a manutenção na primeira divisão do campeonato brasileiro. E nossos líderes administrativos se mostram insensíveis, parecendo a nobreza às vésperas da Revolução Francesa. A torcida não abandona ao clube, mas a contrapartida dos dirigentes tem sido a de levantar o escudo do comprometimento de dívidas, vender a ilusão de um novo estádio, deixar para tentar montar o time em meio ao campeonato, não ter definição sobre o comando técnico e enquanto isso fazer “negócios da China”. Ah, ia esquecendo, e contratar um quase desconhecido, com um currículo quase inexistente, para diretor de futebol, cargo que já pertenceu a tantos coritibanos ilustres e dedicados.
Fisicamente distante, não sei mais o que eu poderia fazer. Tento levar a minha voz e a do torcedor conforme capto aqui e nas redes sociais. Se ela chega à direção do clube e se esta continuará a desconsiderar a voz de parte dos meios de comunicação (neles incluído este sítio) e da torcida, não sei. Pelo menos tento ficar em paz com a minha consciência não usando este espaço para vender ilusões ou esperanças, produtos há muito em falta na torcida do Coritiba. E morrendo a ilusão e a esperança, aos poucos pode morrer a alma do coritibano, o que resultaria na maior dívida já gerada na história do clube.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)