Bola de Couro
Na última semana os associados do Coritiba rejeitaram, por expressiva e gritante maioria, o projeto de reforma do estatuto da associação que lhes foi apresentado.
Poucos talvez saibam dizer a razão de terem assim votado. O projeto era constituído de um longo texto, talvez prolixo, ao qual poucos tiveram acesso, e mesmo o tendo poucos leram. Era ruim? Não atendia aos anseios dos coritibanos? Tinha dispositivos inapropriados?
Talvez ninguém possa dizer com segurança, pois na verdade, ao menos é o que penso, a rejeição foi muito mais um protesto diante do estado de coisas que reina no Coritiba.
Futebol cada vez mais decadente e perdedor, ausência de perspectivas, SAF não cumprindo o mínimo que se lhe exigiria – até agora, ao que parece, trabalhando somente com as receitas que o próprio clube/associação gera – e desconsideração com a torcida que de muito pouco é informada (não sabemos nem quais são os “donos” do clube).
Assim, por adequado que talvez pudesse ser o projeto de reforma do estatuto, o que o associado/torcedor fez, no meu ver, foi protestar e dar um alerta aos distantes empresários da Treecorp e ao representante da associação no empreendimento, mostrando a sua insatisfação. “Parem, vocês estão lidando com um clube centenário, cuja história remota é linda e que tem uma torcida atuante. Respeitem-nos e à nossa história. Queremos um Coritiba grande e respeitado novamente”.
E a propósito do vexame ontem em Ponta Grossa, antes vou lembrar que foi lá que o Coritiba fez o seu primeiro jogo na história, aliás, o primeiro jogo do futebol paranaense. No dia 24 de outubro de 1909, o recém fundado “Coritibano Foot Ball Club”, nome que poucos dias depois foi atualizado para o atual, enfrentou o Foot Ball Clube Pontagrossense, gênese do Operário, sendo derrotado por 1 x 0 após viajar de trem para aquela cidade. Considerando o jogo histórico, seria a disputa e rivalidade mais antigas do futebol estadual, na qual o Coritiba tem larga vantagem de acordo com os “Helênicos”: quarenta e nova vitória contra dezoito derrotas.
Pois bem, ontem o atual Coritiba – ou o que parece estar restando dele – deslustrou essa bela história, fazendo uma apresentação pífia, covarde, vexatória, indigna de um clube que já foi respeitado e temido. Vencendo razoavelmente bem a partida na primeira etapa, agiu tal e qual um timinho interiorano pequeno, recuando total e absurdamente, de modo a fazer o adversário crescer e mostrar brio que falta ao atual time coxa-branca.
Uma vergonha a conduta que o Coritiba adotou e tem adotado, sempre por inspiração do medroso Jorginho, agravada pela desqualificação do plantel.
O ano há muito está perdido, o resultado de ontem foi somente o que o lugar-comum denomina de “pá de cal”. Nada mais a dizer.
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