Bola de Couro
A vontade é o motor da vida.
No Coritiba há muito tempo parece que há falta de vontade ou de apetite para vencer e crescer. Mostra-se um clube conformado e que vive das glórias de um passado cada vez mais remoto.
Ainda temos uma história mais vitoriosa do que do Atlético. Ainda, mas nos últimos anos não podemos negar que aquele clube – como instituição – obteve grandes realizações e está à nossa frente. Não nas conquistas dentro de campo, é verdade, mas como estrutura de clube sem dúvida.
Ao Coritiba parece que o que se deve fazer é “ir levando”. Empurram-se dívidas com a barriga, maquia-se o estádio aqui e ali, monta-se um time com contratações de risco, nos satisfazemos com títulos estaduais (nos dois últimos anos nem isso), comemoramos (?) a manutenção na primeira divisão. E assim la nave va.
Em setembro do ano passado, nosso apetite foi despertado pelo anúncio de um audaz e suculento jantar a ser oferecido pelo vice-presidente Alceni Guerra. Um novo estádio ou o Couto Pereira revigorado e reformado (esta parece a opção que mais agradou a torcida). Escrevi sobre isso (veja aqui) e, embora não conheça pessoalmente o vice Alceni, sabendo do seu sucesso como administrador em Pato Branco e do bom trânsito que tem em várias esferas, imaginava que em breve receberíamos a notícia de que a "refeição" seria servida. A esta altura, decorridos seis meses sem notícia a respeito, parece que o “jantar” esfriou.
Sei que a questão financeira é uma dificuldade constante no Coritiba desde 1989, quando uma decisão precipitada e infeliz nos levou a sangrar por largos anos. Depois disso, ainda passaram pelo Coritiba alguns dirigentes que de tempos em tempos aprofundaram a crise, com destaque para o “mago” FX, um forte colaborador para as dívidas impagáveis até hoje (se ainda fossem por boas contratações...).
Mas não há imaginação criadora no clube para deixar de se conformar com a crise em lugar de enfrentá-la? O rival, mesmo que com métodos e favores contestáveis, construiu um estádio moderno, que se pode dizer dos melhores do mundo. A autoestima dos seus torcedores está tão em alta que, para inauguração do piso de plástico do estádio, reuniu 35.000 torcedores. Enquanto isso, em jogo festivo em razão das homenagens ao Kruger, no dia seguinte nosso querido e vetusto estádio reuniu apenas 5.800 pessoas. Onde estavam os coritibanos? E por que não encheram o estádio, ou pelo menos compareceram em número expressivo? Muito provavelmente porque estão desanimados, cansados e com a autoestima em baixa. Se o Coritiba não se mexer, corre risco de ver o rival passando na frente também nas conquistas em campo, sofrendo todas as consequências que isso traz, dentre elas não captar novos torcedores.
Parado, ou subindo um degrau para logo depois descer outro, é que o Coritiba não retomará a sua grandeza.
“A fortuna ajuda aos audazes” (Virgílio).
(Volto ao assunto qualquer dia desses. Já ocupei muito espaço para uma só coluna).
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)